MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E IDENTIDADE: A SERRA DA BARRIGA E A PRODUÇÃO DE EPISTEMES NEGRAS.
Resumen
Neste artigo tratamos da importância da trajetória e esforços dos Movimentos Negros no Brasil para capitalizar as múltiplas potencialidades do negro brasileiro em diáspora. Destacamos o território da Serra da Barriga, em União dos Palmares/Alagoas, como memória e patrimônio indispensável no reposicionamento social e econômico dos povos negros frente ao colonialismo ainda vigente e a supremacia branca no Brasil. Partindo do patrimônio da Serra é possível não apenas restituir uma outra História brasileira dos negros e negras em diáspora, mas antes se mostra como a possibilidade da dignidade de identidades negadas e subalternizadas pela hegemonia branca, hetero e patriarcal que historicamente procuram apagar a cultura e valores afro brasileiros em prol da manutenção de seus privilégios de raça. Assim, pensar e reconhecer a Serra da Barriga como espaço de resistência dos ancestrais negros significa dignificar e empretecer a história negra alagoano que na maior parte das vezes é inscrita na orfandade de sua humanidade. Como consequência, assistimos à proliferação de uma onda de emancipação e descolonização das epistemologias, ou como ensina a grande intelectual negra Conceição Evaristo (2006), estamos diante da contaminação positiva na qual as nossas “escrevivências” plurais inaugura um maior acesso (coletivos negros) em espaços diversos.
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