MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E IDENTIDADE: A SERRA DA BARRIGA E A PRODUÇÃO DE EPISTEMES NEGRAS.

Autori

  • Rosa Lucia Lima da Silva Correia Universidade Federal de Alagoas.
  • Vanessa Silva dos Santos Universidade Federal da Bahia.

Abstract

Neste artigo tratamos da importância da trajetória e esforços dos Movimentos Negros no Brasil para capitalizar as múltiplas potencialidades do negro brasileiro em diáspora. Destacamos o território da Serra da Barriga, em União dos Palmares/Alagoas, como memória e patrimônio indispensável no reposicionamento social e econômico dos povos negros frente ao colonialismo ainda vigente e a supremacia branca no Brasil. Partindo do patrimônio da Serra é possível não apenas restituir uma outra História brasileira dos negros e negras em diáspora, mas antes se mostra como a possibilidade da dignidade de identidades negadas e subalternizadas pela hegemonia branca, hetero e patriarcal que historicamente procuram apagar a cultura e valores afro brasileiros em prol da manutenção de seus privilégios de raça. Assim, pensar e reconhecer a Serra da Barriga como espaço de resistência dos ancestrais negros significa dignificar e empretecer a história negra alagoano que na maior parte das vezes é inscrita na orfandade de sua humanidade. Como consequência, assistimos à proliferação de uma onda de emancipação e descolonização das epistemologias, ou como ensina a grande intelectual negra Conceição Evaristo (2006), estamos diante da contaminação positiva na qual as nossas “escrevivências” plurais inaugura um maior acesso (coletivos negros) em espaços diversos. 

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Riferimenti bibliografici

BASTIDE, R. 1971. As regiões Africanas no Brasil. São Paulo: Edusp.

BHABHA, H. K. 1998. O local da Cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

BRASIL. Decreto nº 95.855, de 21 de março de 1988. Declara Monumento Nacional a Serra da Barriga, em União dos Palmares, Estado de Alagoas, e dá outras providências. In: Consultoria Jurídica do Ministério da Cultura, Poder Executivo. Brasília, 22 mar. 1988. Nº 55, p. 4723. Ver: arquivos do SPHAN - secção AL.

BOURDIEU, Pierre. 1989. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

CANDAU, Joel. 2012. Memória e identidade. São Paulo: Contexto.

CHAUÍ, Marilena. 2000. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

CHOAY, Françoise. 2006. A alegoria do Patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. 3ª ed. São Paulo: Estação Liberdade/UNESP.

EVARISTO, Conceição. 2006. Becos da memória. Belo Horizonte: Mazza.

FAVRET-SAADA, Jeanne. "Ser afetado". 2009. Cadernos de Campo, nº 13, p. 155-161, 2005.

FONSECA, Maria Cecília Londres. 2009. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 3ªed. Rio de Janeiro: UFRJ.

GONÇALVES, José Reginaldo S. 2002. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN.

HALL, Stuart. 2006. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&A.

HALL, Stuart. 2003. Quem precisa de identidade. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e diferença. Rio de Janeiro: Vozes.

HARTOG, François. 2006. Tempo e patrimônio. Revista Varia História, Belo Horizonte, vol. 22, nº 36: p.261-273, Jul/Dez.

HUYSSEN, Andréas. 2000. Seduzidos pela Memória. Arquitetura, Monumentos, Mídia. Rio de janeiro: Aeroplano.

MBEMBE, Achille. 2015. O tempo que se move. Cadernos de Campo. São Paulo, n. 24, p.369-397.

MOURA, Clóvis (org). 2001. Os quilombos na dinâmica social do Brasil. Maceió: EDUFAL.

MOURA, Clóvis. 1983. Brasil: as raízes do protesto negro. São Paulo: Global.

MUNANGA, Kabengele. (org). 2004. História do negro no Brasil: o negro na sociedade brasileira – resistência, participação, contribuição. Brasília: Fundação Cultural Palmares-MinC, CNPq.

MUNANGA, Kabengele. 2013. Uma abordagem conceitual das nocões de raça, racismo, identidade e etnia. Disponível em: https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59. Acesso em novembro.

NASCIMENTO, Abdias do. 1997. Frente negra brasileira. Revista Thoth, Brasília, n. 3, p.53-56, set/dez de.

NORA, Pierre. 1993. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História 10. História e Cultura: São Paulo – PUC/SP.

ORTIZ, Renato. 1985. Cultura brasileira e identidade nacional. 4 ed. São Paulo: Brasiliense.

PRANDI, Reginaldo. 2000. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião. Revista USP. São Paulo, n. 46, p. 52-65, junho/agosto.

RIEGL, Aloïs. 1984. El culto moderno a los monumentos: caracteres y origen. Madrid: Visor.

WAGNER, Roy. 2010. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify.

Pubblicato

2020-12-17