ESCRITORAS NEGRAS DIASPÓRICAS: SABERES ANCESTRAIS FEMININOS EM POÉTICA DAS ÁGUAS.
Resumo
O artigo investe numa discussão acerca dos saberes ancestrais femininos assentados por vozes de escritoras negras diaspóricas. A partir de aspectos da produção poética de Lívia Natália e Paula Melissa (Mel Adún), evidenciamos que os versos assentados na ancestralidade negro-africana in(corpo)ram elementos simbólicos, os quais reverenciam a deusa das águas doces, a orixá feminina Osun. Osun é uma divindade iorubana que representa a beleza, a feminilidade, a fertilidade, o amor, a maternidade, o poder feminino, a insubmissão feminina. Dessa maneira, fundamentado por contribuições epistêmicas da filosofia africana, o texto explora como esses saberes ganham potência na poesia negra feminina contemporânea. Para tal, a fim de buscar referenciais teóricos pertinentes à compreensão do corpus, dialogaremos Eduardo Oliveira (2007) e Adilbênia Freire Machado (2020).
Downloads
Referências
ADÚN, Guellwaar; ADÚN, Mel; RATTS, Alex (Org.). 2014. Ogum’s toques negros: coletânea poética. Salvador: Ogum’s Toques Negros.
ADÚN, Mel. 2011. Apresentação. In: SOUZA, Lívia Maria Natália de. Água negra. Salvador: EPP Publicações e Publicidade.
ADÚN, Mel. 2012. Irê. In: Ogum’s Toques Negros. Disponível em: Acesso em: 19 jun. 2017.
ADÚN, Mel. 2014. Vou-me embora pra Oshogbo. Organização de Guellwaar Adún, Mel Adún e Alex Ratts. Salvador: Ogum´s Toques Negros. 146-156.
CARNEIRO, Sueli e Cury, Cristiane Abdon. 2008. O poder feminino no culto aos orixás. Guerreiras de natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente. Elisa Larkin Nascimento (Org.) São Paulo: Selo Negro.
EVARISTO, Conceição. 2014. Nos gritos d’Oxum quero entrelaçar minha escrevivência. In: DUARTE, Constância Lima et al. (Org.). Arquivos femininos: literatura, valores, sentidos. Florianópolis: Mulheres, p. 25-33.
FREIRE MACHADO, Adilbênia. Filosofia africana desde saberes ancestrais femininos: bordando perspectivas de descolonização do ser-tão que há em nós. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 12, n. 31, fev. 2020. ISSN 2177-2770. Disponível em: <http://abpnrevista.org.br/revista/index.php/revistaabpn1/article/view/835>. Acesso em: 17 jun. 2020.
GILROY, Paul. 2001. O Atlântico negro: modernidade de dupla consciência. Trad. Cid Knipel Moreira. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes.
HALL, Stuart. 2009. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo horizonte: Editora UFMG.
GUIMARÃES, Geny Ferreira & CORDEIRO Hildália Fernandes Cunha. 2019. Campo belo: narrativa insubmissa e insurgente. Anu. Lit., Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 131-148.
GARUBA, Harry TRADUÇÃO. 2012. Explorações no realismo animista: notas sobre a leitura e a escrita da literatura, cultura e sociedade africana. Nonada: Letras em Revista, vol. 2, núm. 19, octubre. pp. 235-256.
LOURENÇO, Valéria. 2014. Poemas afro-brasileiros. In: Cadernos Negros: volume 37. Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje.
OLIVEIRA, Eduardo D. 2007a. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Ceará: Universidade Federal do Ceará.
OLIVEIRA, David. 2007b. Ancestralidade na Encruzilhada. Curitiba: Editora Gráfica Popular.
RABELO, Miriam C. M. 2011. Estudar a religião a partir do corpo: algumas questões teórico-metodológicas. Caderno CRH, Salvador, v. 24, n. 61, p. 15-28, Jan./Abr.
RIBEIRO, Esmeralda Ribeiro. 2006. Poemas afro-brasileiros. In: Cadernos Negros: volume 29. Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje.
SALES, Cristian Souza de. Da persistência de um esquecimento... a resistência de nossa. http://correionago.com.br/portal/da-persistencia-de-um-esquecimento-a-resistencia-de-nossa-escrita/acessado em de abril de 2017.
SALES, Cristian Souza de. 2018. Lívia Natália: poesia negra feminina de abebé nas mãos. In: AUGUSTO, Jorge (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Segundo Selo, p. 389-415.
SALES, Cristian Souza de. 2020. Assentamentos de resistência: intelectuais negras do Brasil e Caribe em insurgências epistêmicas. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura. Salvador: UFBA.
SANTOS, Maria Stella de Azevedo. 2010. Meu tempo é agora. Assembleia Legislativa do Estado da Bahia.
SODRÉ, Muniz. 1988. O terreiro e a cidade: a forma social negro-brasileira. Petrópolis: Vozes,
SOUZA, Lívia Maria Natália de. 2016. Água Negra e outras águas. Salvador: Caramurê,
SOUZA, Lívia Maria Natália de. 2018. Literatura adoxada: as formas de escrita poética da negritude na cosmogonia afro-brasileira. Fólio – Revista de Letras Vitória da Conquista v. 10, n. 2 p. 193-204 jul./dez.
SOUZA, Lívia Maria Natália de. 2017. Sobejos do Mar. Salvador: EPP Publicações e Publicidade,
SOUZA, Lívia Maria Natália de. 2015. Correntezas e outros estudos marinhos. Salvador: Ogum's Toques Negros.
SOUZA, Lívia Maria Natália de. 2011. Água negra. Salvador: EPP Publicações e Publicidade.