Um jeito de Corpo: por uma antropologia sem calça jeans

Autores

  • Renato Müller Pinto Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP

DOI:

https://doi.org/10.28998/rm.2022.n.11.12573

Palavras-chave:

Pesquisa de campo, Etnografia, Corporeidade, Tim Ingold

Resumo

Neste artigo, proponho uma reflexão sobre a centralidade e a produção do corpo do antropólogo na pesquisa de campo, a partir de dois movimentos: minha experiência de aprendizagem em atividades de ensino de dança e uma aproximação com o debate promovido por Tim Ingold a respeito da relação entre Antropologia e Educação. O propósito é problematizar de que maneira estas experiências na aprendizagem em dança me permitem refinar uma educação da atenção, a partir de um processo de produção de meu corpo. Trata-se, ainda, de questionar a ideia de que se o objetivo da Antropologia não se esgota na etnografia e na descrição detalhada, mas antes sobre as potencialidades da vida , não deveríamos ser constrangidos por uma certa visão de método que neutraliza a análise dos fluxos da vida e o aprendizado com outras pessoas ou coisas.

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Biografia do Autor

Renato Müller Pinto, Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP

Doutorando em Ciências Sociais na UNIFESP. Pesquisador do PISADA - Pesquisas em dança e antropologia (UFPE) e CIDEJU -Grupo de estudos sobre Cidade, Educação e Juventude (UNIFESP).

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Publicado

2022-05-18

Edição

Seção

Antropologia do Gesto