DA FORMAÇÃO À SALA DE AULA: UM OLHAR BAKHTINIANO SOBRE O GÊNERO BILHETE COMO UM INSTRUMENTO DE LETRAMENTO
Resumo
O presente trabalho tem o intuito de relatar experiências vividas em eventos de letramento a
partir do gênero textual bilhete, por meio de práticas pedagógicas de leitura e escrita,
implementadas em uma turma do 2o ano do ensino fundamental, na Escola Benedita da Silva
Santos, da rede municipal de Maceió, Alagoas. Essas práticas foram fundamentadas
epistemologicamente pelas reflexões realizadas durante a Formação Continuada, ao longo do
ano de 2024. Temos como suporte teórico as concepções de letramento de Soares (2003), de
linguagem e de gêneros de Bakhtin (1992/2003), que compreendem os aspectos sociais e
históricos da escrita e das relações dialógicas entre os sujeitos que compõem a instituição
social, escola. Tais conceitos estão ancorados nas normativas educacionais vigentes, tais como
a BNCC, PCNs e LDB. No que tange à metodologia, optou-se pelo método qualitativo,
constituindo assim uma breve pesquisa ação. Com base na compreensão de linguagem viva,
este trabalho tem como objetivo evidenciar o papel social dos gêneros em eventos reais de
letramento, visando ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita que atendam a seu
papel histórico e dialógico. Para tanto, lançou-se mão do gênero bilhete a fim de contemplar
os discentes que já conseguem escrever textos curtos, bem como os que ainda não conseguem
escrever sem o auxílio do professor, por meio das imagens. Com os resultados obtidos, pode-
se constatar a importância de trabalhar a escrita com interlocutores reais, e, principalmente,
com uma função real pré-estabelecida. Como será descrito na metodologia do projeto, esta
pesquisa foi composta por três etapas, e como culminância, têm-se gêneros bilhetes reais
circulando em outros gêneros, como, por exemplo, a campanha publicitária, e até em outros
veículos de comunicação, como foi na entrevista veiculada na televisão. Para além dos
objetivos acadêmicos que foram alcançados, como o avanço significativo na escrita dos
estudantes, destaca-se os eventos reais de letramento que os estudantes estiveram inseridos,
como afirma Bakhtin (2003), como sujeitos responsivos ativos. A pesquisa-ação possibilitou
vivências reais, com trocas importantes para a constituição de sujeitos que cumpram seus
papéis e compreendam seus direitos e deveres na sociedade. Esses discentes entenderam o
poder de sua escrita e que, a partir dela, poderão ser ouvidos e buscar seus direitos.