Breve relato de pesquisa: A poética da dor
trágicas narrativas no cinema de Pedro Costa
Palavras-chave:
tragicidade, trágico, cinema contemporâneo, dor trágicaResumo
A presente pesquisa se propôs a analisar as possibilidades do trágico no cinema contemporâneo, repensando as fronteiras entre a tragédia e o trágico que, embora em alguns momentos se apresentem borradas – demonstrando a inexistência do segundo sem sua forma objetiva–, em outros se delimitam mais fortemente, sugerindo um caminho autônomo para as narrativas trágicas. Desta forma, refletimos, por meio da análise da obra do cineasta português Pedro Costa, sobre a possibilidade da manifestação de ambos na arte cinematográfica contemporânea. Para incursionar neste terreno buscamos referência tanto no texto canônico de Aristóteles quanto nos estudos mais atuais sobre o trágico e a tragédia, especialmente nas obras de Albin Lesky, Jean-Pierre Vernant, Peter Szondi, Terry Eagleton, Raymond Williams e outros. A partir das observações promovidas por esses teóricos, nos aprofundamos sobre as questões trágicas da obra do cineasta português, na qual a tragédia é fruto da experiência social, política e econômica. Nela, a tragicidade se dá por meio da desigualdade, injustiça e das privações geradas pela sociedade atual, o que permite lançar um olhar sobre a construção do herói trágico atual e sua dor, em uma narrativa onde já não há mais lugar para deuses nem oráculos, abrindo possibilidades para a revelação do ser humano a partir de suas tragédias pessoais. Para isso, combinou-se o estudo da trajetória do cineasta e de sua poética nas obras do Ciclo das Fontainhas: Ossos, No quarto da Vanda, Juventude em Marcha e Cavalo Dinheiro.
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Referências
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