Infância e Segurança Pública: desvelando o medo que crianças de tenra idade possuem do aparato policial
DOI:
https://doi.org/10.28998/lte.2016.n.2.2605Palavras-chave:
Criança. Medo. Polícia. Violência. Etnografia.Resumo
O presente artigo apresenta os resultados da pesquisa sobre o medo que crianças, oriundas de um bairro periférico, frequentadores de uma creche pública possuem do aparato policial. No Brasil, conforme determina a Constituição Federal de 1988, as forças policiais são responsáveis pela prevenção da vida, pela repressão ao crime e a manutenção da ordem pública. No entanto, constata-se que há um descontrole das forças de segurança, em que o uso da violência se faz abusiva e o medo se instaura como forma de sociabilidade. As ações virulentas dos policiais que se manifestam em agressões físicas, psicológicas e, até mesmo, em mortes, ocorrem, sobretudo, nos bairros periféricos das cidades brasileiras. Essa violência incide igualmente na população infanto-juvenil. Deste modo, buscou-se compreender como o medo da polícia se manifesta no universo infantil. Pesquisou-se crianças, de 04 a 05 anos de idade, moradoras de um bairro periférico, com maior incidência de crimes. Elegeu-se o caminho metodológico do estudo etnográfico, considerado apropriado à interpretação da ação nos contextos infantis. Portanto, com base nesta pesquisa, pode-se afirmar que as crianças em tenra idade vivenciam a violência policial, em que o medo se constitui como elemento vivo expresso nas falas e nas brincadeiras infantis.
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