A escrita científica e o desenvolvimento do conhecimento: caminhos para uma nova formação médica
Resumo
Caro Editor,
Graças ao desenvolvimento do saber científico, a Medicina alcançou, nos dias de hoje, um patamar técnico-científico que possibilitou um significativo incremento da expectativa e qualidade de vida da sociedade em geral. Portanto, faz-se indispensável a formação do estudante de graduação, o desenvolvimento de sua capacidade de análise crítica e do manuseio apropriado das ferramentas de produção científica.
A escrita é uma forma de registro decisiva na história da humanidade. A partir dela, pode-se ter a dimensão da progressão do desenvolvimento do científico e de compreensão das verdades últimas. Por isso, o domínio da habilidade da escrita, por parte dos produtores de conhecimento científico, é fundamental, uma vez que o saber último alcançado deve ser registrado.
Apesar da importância, é notória uma falta de experiência com a escrita científica pelos acadêmicos de Medicina do Brasil ao final da graduação1. Essa carência interfere negativamente não só no processo de produção e registro do conhecimento científico, bem como, ainda que indiretamente, nas habilidades dos alunos no aprendizado independente e na avaliação crítica da literatura médica2.
A participação em atividades relacionadas à produção de conhecimento científico colabora para o desenvolvimento de uma base profissional sólida1.Assim, para alcançar esse desenvolvimento, torna-se indispensável o domínio da escrita científica pelos estudantes das graduações de Medicina. Além disso, observa-se a necessidade de intensificar o processo de aprendizagem da escrita científica nos cursos médicos, tendo em vista que esse pilar é fundamental para alcançar uma melhor produção científica e formação crítica.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em Medicina corroboram esse pensamento ao recomendar:
Conhecer os princípios da metodologia científica, possibilitando-lhe a leitura crítica de artigos técnicos-científicos e a participação na produção de conhecimentos; dominar os conhecimentos científicos básicos da natureza biopsicosocioambiental subjacentes à prática médica e ter raciocínio crítico na interpretação dos dados, na identificação da natureza dos problemas da prática médica e na sua resolução3.
Depreende-se, portanto, que o exercício do saber científico não deve ser limitado tão somente ao estudante de graduação, mas deve estar presente na atividade médica. No entanto, os acadêmicos dos cursos médicos, com aprendizado pautado nas metodologias ativas de ensino, têm um maior acesso aos mecanismos para redigir textos científicos quando comparados aos de metodologias tradicionais1. Essa situação apresenta um possível ponto de partida para compreender as formas de alcançar um aprendizado mais eficiente de escrita científica a fim de desenvolver habilidades nos discentes das graduações de Medicina do Brasil.Embora já exista uma robusta produção de conhecimento científico por parte dos acadêmicos de Medicina, é necessário ampliá-la, tendo em vista o novo perfil médico desejado. A motivação dos discentes para a realização de pesquisas pode compensar essa falta e colaborar com o desenvolvimento dos serviços de saúde do país4. Já posta a necessidade de um aprimoramento do aprendizado de escrita científica, torna-se determinante a ampliação dos investimentos em pesquisa com o intuito de aumentar o interesse pelo processo de produção do conhecimento.
Portanto, é necessário que os cursos de graduação em Medicina do Brasil criem estratégias eficientes para aprimorar as habilidades dos discentes em escrita científica, assim, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento científico, do serviço de saúde pública e da qualidade de vida da sociedade em geral.
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Referências
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Ministério da Educação (BR). Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina [Internet]. Brasília: Ministério da Educação; 2001 [cited 2020 Aug 10]. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Med.pdf
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