BEYONCÉ IN FORMATION COM A DECOLONIALIDADE
Abstract
Compreender o conhecimento hegemônico tal qual estabelecido nos dias atuais, adotando a perspectiva decolonial, é refletir sobre a forma de fazer ciência, entendendo-a enquanto um espaço não neutro, produtor de realidades, que exclui ou estigmatiza grupos subalternizados que se encontram longe dos grandes centros de produção acadêmica (povos indígenas, negros, mulheres, população LGBTQIA+). A partir disso, discutir sobre negritude e os resquícios da colonização, utilizando-se de teóricas/os que se encontram no campo acadêmico é insuficiente para abarcar as narrativas e experiências produzidas pelo povo negro. Por isso, o objetivo do presente ensaio é buscar na produção musical elementos que abarcam outras faces da história sobre a negritude e os efeitos da colonização. Adotando a metodologia do giro decolonial da qual compreende a necessidade de evocar experiências institucionalizadas e não institucionalizadas para o campo da discussão acadêmica, foi realizada a análise de seletos momentos presentes na carreira musical de Beyoncé, trazendo para discussão algumas composições que tratam sobre negritude, feminismo e relações afrocentradas. A partir desse deslocamento é possível entender que o apagamento epistêmico provocado pelas práticas brancas hegemônicas de produção do conhecimento desembocaram em novos métodos estratégicos para permanência das narrativas dos povos negros, tendo na música um espaço potente dessa manutenção de experiências. Conclui-se que enaltecer narrativas negras a partir de espaços não academicistas é imprescindível para abarcar experiências outras, descentralizado o lugar hegemônico da ciência, provocando desta forma, tensionamentos em lógicas coloniais de produção e manutenção do conhecimento, abrindo espaço assim, para o surgimento de novas histórias sobre a experiência dos povos colonizados.Downloads
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