LITERATURA DO BRASIL E DE CABO VERDE: O CENÁRIO DA SECA EM GRACILIANO RAMOS E OVÍDIO MARTINS
Keywords:
Literatura brasileira, Literatura cabo-verdiana, Literatura Comparada, Estudos Críticos da UtopiaAbstract
À luz da Literatura Comparada e dos Estudos Críticos da Utopia, este artigo propõe analisar comparativamente o poema “Flagelados do vento leste” (1962), do poeta cabo-verdiano Ovídio Martins, e o romance Vidas Secas (1938) do escritor alagoano Graciliano Ramos, tendo o cenário da seca como o elemento norteador da análise. O escritor alagoano traz para a cena, em Vidas Secas, uma família de retirantes que se desloca em busca de uma vida melhor longe da seca. O poema de Ovídio Martins destaca a resistência do cabo-verdiano diante do problema que assola o arquipélago por meses consecutivos, a escassez da chuva. Face a tal situação, o ilhéu depara-se com o grande dilema que, por ser constante, já faz parte do seu universo cultural: “Ter de ir, querendo ficar”. Ou seja, o dilema entre a necessidade de sair do seu lugar para ir em busca de novos horizontes longe da seca, da estiagem, da falta de trabalho e da fome, como os retirantes de Graciliano, e o grande apego ao seu chão natal que o faz resistir a todas as intempéries e ficar, o nutriente da utopia das personagens do romance brasileiro. Na análise, foi possível perceber o diálogo literário entre Brasil e Cabo Verde através das duas obras estudadas, Vidas Secas e “Flagelados do vento leste”. As utopias e distopias de que as duas obras dão conta são o veículo articulador do diálogo entre elas.
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