REPENSANDO A NOÇÃO DE CATEGORIA GRAMATICAL OU SOBRE A INVENÇÃO DA TRADIÇÃO GRAMATICAL NA LINGUÍSTICA
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Gramática. Categoria gramatical. Epistemologia.Abstract
O presente texto reúne algumas reflexões acerca do caráter disciplinador da gramática como veículo de investigação científica da linguagem. A linguística contemporânea, independentemente de filiação teórica, adota suas (macro e micro) partes, seja como metalinguagem, seja como paradigmas de análise universais. Para o desenvolvimento da discussão, abordo a noção de tradição gramatical como uma invenção ocidental, mais especificamente, uma escolha com fundo político, feita ainda na expansão europeia do início da Idade Moderna, e que baseou o desenvolvimento da Linguística como a conhecemos atualmente. A desnaturalização do que constitui uma língua, do que constrói uma sua gramática permite que questionemos qual é sua função. Credito a especificação da terminologia gramatical ao pensar indo-europeu, o que impôs um padrão classificatório às demais línguas do mundo. Assumindo-se que a categorização gramatical e, portanto, linguística, é uma criação grega, que parte da observação dos predicados de um ser aristotélico, fruto da cultura da época, aponto uma inadequação da própria delimitação de um número de categorias gramaticais em detrimento de outras que sequer foram pensadas. Essa violação dos diversos conhecimentos de mundo resultou no apagamento linguístico de diversas cosmovisões e na estrutura gramatical que conhecemos hoje, sem maiores questionamentos e com uma desmarcada obediência epistêmica.
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