SOBRE A CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL DO SUJEITO DA SENTENÇA

Autores

  • Adeilson Pinheiro Sedrins Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada

Palavras-chave:

Sujeito. Concordância verbal. Passiva sintética. Sujeito indeterminado.

Resumo

Neste artigo, parto da problematização apontada em Duarte (2009) referente à tradicional classificação do sujeito da sentença, que mistura critérios de diferentes naturezas e não apresenta, dessa forma, um sistema de classificação coerente, relacionando essa tradicional classificação à prescrição de usos da concordância verbal no português. Mais especificamente, discuto a tipologia do sujeito apresentada na gramática normativa de Almeida (2009), enfatizando as construções do tipo verbo+se, como aquelas em que a necessidade da existência da categoria de um “sujeito indeterminado” é crucial para o estabelecimento de normas prescritivas no uso da concordância verbal. Essas construções, tradicionalmente, podem dividir-se em dois tipos: aquelas denominadas de passiva sintética, com sujeito expresso, e aquelas em que o sujeito é indeterminado. A transitividade verbal (tal como é apresentada tradicionalmente) é fator crucial para a diferenciação desses dois tipos de construção, tendo em vista que verbos transitivos diretos entrariam na constituição de passivas sintéticas e verbos intransitivos e transitivos indiretos entrariam na constituição de sentenças com sujeito indeterminado. Em discussões como a apresentada em Borges Neto (2013), essa diferenciação se apresenta infundada. Assim, a necessidade de se propor a existência da categoria “sujeito indeterminado”, para se discutir o fenômeno da concordância verbal, é enfraquecida e, enquanto tipologia, instaura confusão de critérios.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adeilson Pinheiro Sedrins, Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada

Professor de Língua Portuguesa do Curso de Licenciatura em Letras da UFRPE/UAST. Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Alagoas. Vice-líder do Grupo de Estudos em Teoria da Gramática (GETEGRA) e membro do Programa de Estudos Linguísticos (PRELIN), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFAL. Tutor do PET-Conexões de Saberes/Linguística, Letras e Artes.

Referências

ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BORGATTO, A. M. T.; BERTIN, T. C. H.; MARCHEZI, V. L. de C. Tudo é linguagem, 9. ano. São Paulo: Ática, 2011.

BORGES NETO, J. Ensinar gramática na escola? ReVEL, edição especial, n. 7, p. 68-83, 2013.

CUNHA, C. F. Gramática da língua portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.

DUARTE, M. E. L. (Org.). O sujeito em peças de teatro: (1833-1992) – estudos diacrônicos. São Paulo: Parábola, 2012.

DUARTE, M. E. Termos da oração. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. F. (Orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2009, p. 185-203.

FIGUEIREDO-SILVA, M. C. A posição sujeito no português brasileiro: frases finitas e infinitivas. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

KATO, M.; DUARTE, M. E. L. O sujeito no português brasileiro e sua tipologia. In: PILATI, E.; SALLES, H. L.; NAVES, R. (Orgs.). Novos olhares para a gramática do português brasileiro. Campinas: Pontes Editores, 2017, p. 13-42.

MARTINS, M. A. Sobre (a necessidade de) o ensino de gramática: explorando aspectos da sintaxe do sujeito no português brasileiro. In: MARTINS, M. A. (Org.). Gramática e ensino. Natal: EDUFRN, 2013, p. 189-207.

MOURA, D. Apresentação. In: MOURA, D.; MORAIS, G. (Orgs.). Ler e escrever para quê? Maceió: Edufal, 2001a. p. 7 – 9.

MOURA, D. Os parâmetros curriculares nacionais e o ensino de português. In: MOURA, D.; MORAIS, G. (Orgs.). Ler e escrever para quê? Maceió: Edufal, 2001b. p. 13 – 20.

MOURA, D.; MORAIS, G. (orgs.). Ler e escrever: rumo à compreensão e à interação com o mundo. Maceió: Edufal: 2002.

NUNES, J. M. O famigerado SE: uma análise sincrônica e diacrônica das construções com SE apassivador e indeterminador. 1990. 172f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP.

OLIVEIRA, R. P. de; QUAREZEMIN, S. Gramáticas na escola. São Paulo: Vozes, 2016.

PILATI, E. Linguística, gramática e aprendizagem ativa. Campinas: Pontes editores, 2017.

SCHERRE, M. M. P. Doa-se lindos filhotes de poodle: variação linguística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola, 2005.

SEDRINS, A. P. (Org.). Língua, gramática e ensino. Recife: Pipa comunicação, 2020a.

SEDRINS, A. P. O estudo da categoria sujeito: definição, identificação e classificação. In: SEDRINS, A. P. (Org.). Língua, gramática e ensino. Recife: Pipa comunicação, 2020b. p. 115-173.

SEDRINS, A. P.; SIBALDO, M. A. (Orgs.). Conectando saberes na escola: linguística, literatura, educação e ensino de línguas: reflexões, relatos e propostas de atividades. Recife: Pipa comunicação, 2017.

Downloads

Publicado

2021-11-15

Como Citar

SEDRINS, Adeilson Pinheiro. SOBRE A CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL DO SUJEITO DA SENTENÇA. Revista Areia, [S. l.], v. 4, n. 5, p. 247–265, 2021. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/rea/article/view/12447. Acesso em: 14 ago. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)