TRAGÉDIA E SENTIMENTO TRÁGICO EM O MARINHEIRO, DE FERNANDO PESSOA
Palavras-chave:
Fernando Pessoa. O marinheiro. Tragédia.Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar o drama estático O marinheiro (1913), de Fernando Pessoa, a partir do diálogo que foi possível estabelecer entre a obra pessoana e as categorias de tragédia, enquanto gênero teatral concebido na Grécia Antiga, e sentimento trágico, forma pela qual o espírito trágico se abate sobre o mundo moderno. Com este fito, foram utilizados como fundamentação teórica trabalhos já realizados sobre a obra, como os de Gagliardi (2011) e Bechara (2017), além dos textos de Aristóteles (2004), Easteling (1997) e Serra (2006; 2007) para tratar sobre o trágico. A análise revelou que algumas alusões à tragédia grega se fazem presentes em O marinheiro, em primeiro plano, através de elementos da narrativa tais como as personagens, o espaço e o tempo, principalmente ao passo que estes últimos estabelecerem uma relação com o círculo, forma que se relaciona à tragédia a partir de sua origem ligada ao dionisismo. Além disso, aponta-se como ao longo do drama as personagens sofrem com uma crise ontológica e vivem um tensão entre duas das categorias trágicas apontadas por Serra (2006): a da ignorância e a do conhecimento. Sendo assim, verifica-se como o trágico se apresenta numa roupagem moderna enquanto sentimento trágico da vida, revelando um vazio, uma espera de não sei o quê, e como ele ocorre mediante a tomada de consciência do trágico, por parte das personagens, perante as limitações do ser humano.
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Referências
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