Turismo e práticas afrorreligiosas em unidades de conservação

uma relação conflituosa?

Autores

  • Valdevino José dos Santos Júnior Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Carlos José Saldanha Machado Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
  • Rodrigo Machado Vilani Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Palavras-chave:

Ecoturismo, Matriz africana, Relação social, Áreas protegidas, Conflito

Resumo

As Unidades de Conservação (UCs) no Brasil são utilizadas para a realização de atividades como pesquisas científicas, educação ambiental, recreação, ecoturismo e para fins religiosos. No entanto, as práticas afrorreligiosas são frequentemente vistas como incompatíveis com o uso público das UCs e conflituosas com a atividade turística. Diante disso, o presente artigo tem como objetivo desconstruir a existência de uma oposição entre o turismo e as práticas afrorreligiosas e declarar as UCs como um espaço democrático de uso público. Partindo-se de uma perspectiva antropológica, a metodologia caracteriza-se como pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, com as coletas de dados feitas de fontes secundárias e bibliográficas. Para análise deste artigo, foram selecionados o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca. A partir dos planos de manejo desses parques, pode-se verificar que as práticas afrorreligiosas são vistas como poluidoras e degradadoras do meio ambiente, podendo afetar a beleza cênica e as atividades turísticas das UCs. Contudo, foi mostrado que os afrorreligiosos têm uma intrínseca relação com a natureza, pois as divindades africanas são indissociáveis da natureza. As UCs mostram-se como espaços públicos territorialmente protegidos onde os usos múltiplos devem ser assegurados, tanto turísticos, como afrorreligiosos. Assim, as UCs vistas como palco de conflitos, podem ser espaços democráticos, onde a justiça, a igualdade e a liberdade religiosa devem imperar. Mas para isso, é de extrema importância que haja avanços nas políticas públicas ambientais, para transmutar a ignorância do conservadorismo, do preconceito, da intolerância e do racismo ambiental ainda presentes no Brasil. Um olhar inclusivo para práticas afrorreligiosas e turísticas em UCs pode auxiliar na construção de políticas públicas democráticas, compartilhando o meio ambiente sem limitações, considerando e valorizando a visão da comunidade afro, assegurando a liberdade afrorreligiosa e desconstruindo a ideia de oposição entre as duas atividades.

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Biografia do Autor

Valdevino José dos Santos Júnior, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGMA/UERJ). Pesquisador do grupo de pesquisa MEANDROS - Estudos Interdisciplinares sobre Ciências, Tecnologias e Políticas Públicas em Saúde e Ambiente no Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (LICTS/FIOCRUZ). 

Carlos José Saldanha Machado, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)

Doutor em Antropologia Social pela Universidade de Paris V (Sciences Sociales Sorbonne). pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Rodrigo Machado Vilani, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutor em Ciências pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

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Publicado

16-10-2021

Como Citar

dos Santos Júnior, V. J. ., Saldanha Machado, C. J., & Machado Vilani, R. (2021). Turismo e práticas afrorreligiosas em unidades de conservação: uma relação conflituosa?. RITUR - Revista Iberoamericana De Turismo, 11, 297–321. Recuperado de https://seer.ufal.br/index.php/ritur/article/view/12763

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