Ser um trabalhador/tornar-se um abacataense: criança, socialização e identidade em uma Comunidade Quilombola da Amazônia-PA
DOI:
https://doi.org/10.28998/lte.2016.n.2.2508Palavras-chave:
Antropologia da Criança, infância quilombola, criança, trabalho, Abacatal-PAResumo
Este estudo analisa o tornar-se abacataense, visando compreender o significado ‘nativo’ do “trabalho” na perspectiva das crianças que crescem na comunidade do Abacatal(PA), o qual é aqui traduzido como suas tarefas “obrigatórias” e “espontâneas”, isto é, aquilo que elas definem como “ajudas” e chamam de (cuidar d’)’as minhas coisas, envolvendo “obrigação”, “solidariedade”, “dever” e “gosto”, ou como as crianças dizem lá: “a criança trabalha ajudando”. Apresenta a criança e suas configurações familiares e focaliza aspectos do “ser criança” e da experiência da “infância”, de modo que seja possível compreender quem são essas crianças, o lugar que ocupam na vida social de Abacatal e como, se tornam um trabalhador/um abacataense. Abacatal, que se autodefine como rural e quilombola, localiza-se na área metropolitana da grande Belém-PA. A análise busca entender os processos de aprendizado e de desenvolvimento infantil através das próprias concepções locais de criança e do crescimento e considera o modo como as crianças intervêm ativamente nesses processos. A família e a organização doméstica são abordadas como espaços de experiências onde as crianças tornam-se trabalhadoras, compreendidas como uma prática de “autopoiesis”, isto é, de produção de significados sobre o seu mundo. Experiência que também é motivada pelos processos de aprendizagem e socialização no e para o trabalho.
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