“Tomar cuidado com o que eu falo”: ser criança na escola, ficar e brincar em casa

Autori

  • Regina Coeli Machado e Silva Universidade Estadual do Oeste do Paraná http://orcid.org/0000-0002-0874-8086
  • Marisa Elizabete Cassaro Godoy UDC (Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (Anglo) e CESUFOZ (Centro de ensino Superior de Foz do Iguaçu).

DOI:

https://doi.org/10.28998/lte.2016.n.2.2512

Parole chiave:

antropologia da criança, etnografia, sigilo, fronteira

Abstract

O autoentendimento de crianças como resultado da participação ativa nas relações entre adultos que, direta ou indiretamente, participam das atividades de comércio transfronteiriço na travessia do rio Paraná, na fronteira entre Ciudad del Este, -Paraguai e Foz do Iguaçu, - Brasil, é o foco deste artigo. As percepções e  significados aí construídos por elas foram apreendidos durante uma experiência etnográfica em uma escola pública de ensino fundamental. A interlocução se deu com os alunos moradores do bairro próximo ao rio, da faixa etária entre oito e doze anos, por meio de diferentes formas de comunicação oral, gestual e gráfica, como desenhos e histórias de vida. Exploramos as relações entre uma cosmologia jurídico-política (que define as relações entre diferentes atores sociais aí envolvidos) e um certo tipo de epistemologia que não concebe o autoentendimento das crianças como mera reprodução de práticas e saberes observados dos adultos. O que as crianças vivem, sabem e falam são respostas parciais a um modo de existência marcado por reticências e silêncios, trazidos pelas sutis modulações na comunicação entre nós. Ser criança, nesse contexto, é ficar e brincar em casa, sob controle e vigilância dos adultos e, fora do bairro, na escola ou em qualquer outro lugar, é manter, sempre que possível, sigilo sobre seu modo de vida. 

 

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografia autore

Regina Coeli Machado e Silva, Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Dra em Antropologia Social pelo Museu Nacional(1999), professora da gradução, do Mestrado e Doutorado (Mestrado e Doutorado em Letras / Mestrado e Doutorado Interdisciplinar Sociedade, Cultura e Fronteira)

Riferimenti bibliografici

ABÍNZANO, Roberto Carlos. Estudos Antropológicos en de la région de fronteras: cuesttiones de teoria e metodologogia. Ideação. Vol 15, n. 2. Cascavel: Edunioeste, 2013.

ALBUQUERQUE, José Lindomar C. A dinâmica das fronteiras: os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. São Paulo: Annablume, 2010.

ALCÂNTARA, Nohara. HISTÓRIA DE VIDA. Blog Educação de Valor. Projeto Identidade. Postado em 04/04/2011. Disponível em: http://educacaodevalor.blogspot.com.br/search/label/Projeto%20Identidade. Acesso em 22/05/2014.

ALDERSON, P. Children as researchers: the effects of participation rights on research methodology. In: CHRISTENSEN, P.; JAMES, A. (Ed.). Research with children: perspectives and practices. London: Falmer, 2000, p. 241-255.

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso. Tendências atuais da pesquisa na escola. Caderno Cedes ,Vol.18, n. 43, Campinas, 1997. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32621997000200005. Acesso em 02/11/2014.

BARROS, Adriane dos Santos. A informalidade dos laranjas na fronteira Brasil/Paraguai. História na fronteira. Vol 1, n.1. Foz do Iguaçu, jul./dez.2008.

BORGES, Antonádia e KAEZER, Verônica. El Rincón de los niños: un abordaje etnográfico sobre l@as niñ@s y sus ensayos políticos. MILSTEIN, D. et AL. Encuentros etnográficos y espacios compartidos. Buenos Aíes: Miño y Dávila, 2011.

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Social. Disponível em: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e> Acesso em 06/08/2016.

CARDIN. Eric G. Ação racional e cotidiano: notas para o estudo dos trabalhadores da Tríplice Fronteira. In Santos, M.E.P. e Silva, R.C.M e.(orgs) Cenários em perspectiva: diversidades na Tríplice Fronteira. Cascavel: EDUNIOESTE, 2011.

________. Laranjas e sacoleiros na tríplice fronteira: um estudo da precarização do trabalho no capitalismo contemporâneo. Cascavel: EDUNIOESTE, 2011.

CATTA, Luiz Eduardo. O cotidiano de uma fronteira: a perversidade da modernidade. Cascavel, EDUNIOESTE, 2002.

________. A face da desordem: pobreza e estratégias de sobrevivência em uma cidade de fronteira. (Foz do Iguaçu/1964-1992). São Paulo: Blucher Acadêmico, 2009.

COHN, Clarice. Crescendo como um Xikrin: uma análise da infância e do desenvolvimento infantil entre os Kayapó-Xikrin do Bacajá. Revista de Antropologia, 43 (2): 195-222, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012 000000200009&lng=en&tlng=pt . Acesso em fev./2016.

________. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2005.

FAVRET-SAADA, Jean. Ser afetado. SIQUEIRA, Paula. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), São Paulo, v. 13, n. 13, p. 155-161, mar. 2005. ISSN 2316-9133. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50263. Acesso em: 30/07/2016.

FONSECA, Claudia. Antropologia e Psicologia: apontamentos para um diálogo aberto. In: KESSLER, Carlos Henrique (Org.) Trama da clínica psicanalítica em debate. Porto Alegre: UFRGS, 2004.

________. Família, fofoca e honra: etnografia de relações de gênero e violência em grupos populares. Porto Alegre: Ed. Universidade/ UFRGS, 2000.

GODOY, Marisa Elizabete Cassaro. Ser criança em uma escola pública do lado brasileiro da fronteira Brasila/Paraguai: dos feixes atando pontes. Dissertação de mestrado. Texto digitado. Foz do Iguaçu: Unioeste, 2015.

GODOY, Maria Elisabete Cassaro e SILVA, Regina Coeli Machado e. Lá embaixo: percepções das crianças de uma escola pública sobre o cotidiano do bairro onde vivem, do lado brasileiro da fronteira. Revista Língua e Letras. Vol.15, n. 28, 2014. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/11206. Acesso em 03/07/2016.

HANSON, Karl. Separate chilhood laws and the future of society. Law, Culture and Humanities, June 2016, 2014, v.12 (2). 195-205. DOI: 10.1177/1743872114529502. Acesso em 03/07/2016.

HARDMAN, Charlotte. Can there be an anthropology of chidren? Childhood 8(4). Sage Publications, 2001. p. 501-517.

INGOLD, Tim, Become persons: consciousness and sociality in human evolution, Cultural Dynamics, 4 (3), 1991, p. 355-378.

________. Technology, language, intelligence: a reconsideration of basic concepts, IN: K. R. Gibson e T. Ingold (orgs.), Tools, Language and Cognition in Human Evolution. Cambridge, Cambridge University Press, 1993, p. 449-472.

________. Culture, perception and cognition, IN: T. Ingold, The Perception of the Environment: Essays on Livehood, Dwelling and Skill. Londres, Routledge, 2002, p. 157-171.

JONES, Graham M. Secrecy. In Annual Review in Anthropology. Vol. 43, p. 53-69, 2014.

LAVE, Jean. Cognition in Practice: Mind, Mathematics and Culture in Everyday Life. Cambridge, Cambridge University Press, 1988.

_______.Teaching, as learning, in practice, Mind, Culture and Activity, 3: p. 149-164, 1996.

_______. Hacia una ontología social del aprendizaje. Revista de Estudios Sociales, 40: p. 12-22, 2011.

LAVE, Jean, e Etienne WENGER. Situated Learning: Legitimate Peripheral Participation. Cambridge, Cambridge University Press, 1991.

LEVINE, Robert A. Etnographic studies of childhood: a historical overview. American Anthropologist. Vol. 109, n.2. june 2007 p. 247-260. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1525/aa.2007.109.2.247/pdf. Acesso em 03/07/2016.

MILSTEN, Diana et al. Encuentros etnográficos com niñ@s y adolescentes: Entre tiempos y espacios compartidos. Buenos Aíes: Miño y Dávila, 2011.

________. La nación en la escuela. Viejas y nuevas tensiones políticas. Buenos Aires: Miño y Dávila, 2009.

________. Children as co-researchers in anthropolical narratives in education. Etnography and education. 5:1, p 1-5, 2010.

ORTNER, Sherry B. Theory in anthropology since the sixties, Comparative Studies in Society and History, 26 (1): 167-173, 1984.

PIRES, Flávia. O que as crianças podem fazer pela antropologia?, Horizontes Antropológicos, 16 (34): 137-157, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104 71832010000200007&lng=en&nrm=iso . Acesso em jan/2016.

PIRES-SANTOS, Maria Elena et al . Vendo o que não se enxergava: condições epistemológicas para construção de conhecimento coletivo e reflexivo da língua(gem) em contexto escolar. DELTA, São Paulo, v. 31, n. spe, p. 35-65, ago/ 2015 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502015000300004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 03/07/2016.

PORTAL DO BOLSA FAMÍLIA. Disponível em: http://www.bolsafamilia.datasus.gov.br. Acessado em 03/12/2013

PORTAL INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: http://www.portal.inep.gov.br . Acesso em 10/12/2013.

PROCEDIMENTO DE DESENHO DE FAMILIA COM OUTRAS ESTÓRIAS. Blog Educação de Valor. Projeto Família. Postado por Nohara Alcântara em 04/04/2011. Disponível em: http://educacaodevalor.blogspot.com.br/search/label/Afamília. Acesso em 22/05/2014.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Escola Municipal Ponte da Amizade. Educação Infantil e Ensino Fundamental. Foz do Iguaçu, 2012.

QVORTRUP, Jens. A infância enquanto categoria estrutural. Educação e Pesquisa, 36 (2): 631-644, 2010. disponível em: http://www.scielo.br / scielo.php?script=sci_arttext&-pid=S1517-97022010000200014&lng=en&nrm=iso&tlng=pt . Acesso em jan/2016.

REIMANN, Valdirene. As crianças da ponte: o trabalho de crianças e adolescentes no comércio fronteiriço de Foz do Iguaçu PR. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Sociedade Cultura e Fronteiras. UNIOESTE, 2012.

SIMMEL, George. The sociology of secrecy and of secret societies. American Journal of Sociology. Vol 11, Issue 4 (jan.1906). p 441-498. Disponível em: http://www.d.umn.edu/cla/faculty/jhamlin/4111/Readings/SimmelSecrecy.pdf. Acesso em 09/08/2016.

SILVA, Regina Coeli Machado e. O Estado-Nação se (des)fazendo no cotidiano vivido em uma escola de fronteira Brasil, Argentina e Paraguai. Disponível em: http://www.enadir2015.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=17 . Acesso em fev/2015.

________. Vidas, Nações e Estados se fazendo nas fronteiras entre Brasil, Paraguai, Argentina. Revista Ideação do Centro de Educação Letras e Saúde da UNIOESTE. Campus de Foz do Iguaçu. V. 15 n. 2 p. 10-32. 2º semestre de 2013.

________. Do Ipê Roxo na Cidade Nova: experiência etnográfica e aprendizagem situada. Etnográfica [Online], vol. 20 (1) | 2016, Online desde 04 Março 2016. Disponível em: http://etnografica.revues.org/4225 ; DOI : 10.4000/etnografica.4225. Acesso em 03/07/2016.

TOREN, Christina. Making history: the significance of childhood cognition for a comparative anthropology of mind, Man, 28: 461-478, 1993. DOI: 10.2307/2804235

________. Becoming a Christian in Fiji: an ethnographic study of ontogeny. The Journal of the Royal Anthropological Institute, 9 (4): 709-727, 2003. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3134707. Acesso em jan/2016.

________. A matéria da imaginação: o que podemos aprender com as idéias das crianças fijianas sobre suas vidas como adultos. Horizontes Antropológicos, 34: 19-48, 2010. DOI : 10.1590/S0104-71832010000200002

________. Antropologia e psicologia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 27 (80): 21-36, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a02.pdf . Acesso em jan/2016. DOI : 10.1590/S0102-69092012000300002

TRIBUNA POPULAR, jornal online. Disponível em: http://www.jtribunapopular.com.br. Acesso em 09/01/2015.

WAGNER, Roy, 2010, A Invenção da Cultura. Rio de Janeiro, Cosac Naify.

VOGEL, Arno; VOGEL, Vera Lúcia; LEITÃO, Gerônimo Emilio A. Como as crianças veem a cidade. Rio de Janeiro: Pallas Flacso: UNICEF, 1995.

ZAMBERLAN, Jurandir. Foz do Iguaçu em contexto de mobilidade. Paróquia Bom Jesus do Migrante. Jurandir Zamberlan, Joel Ferrari, Giovanni Corso, Joaquim R. Filippin. Porto Alegre: Solidus, 2007

Pubblicato

2018-05-14

Come citare

MACHADO E SILVA, Regina Coeli; GODOY, Marisa Elizabete Cassaro. “Tomar cuidado com o que eu falo”: ser criança na escola, ficar e brincar em casa. Latitude, Maceió-AL, Brasil, v. 10, n. 2, 2018. DOI: 10.28998/lte.2016.n.2.2512. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/2512. Acesso em: 1 set. 2024.

Fascicolo

Sezione

Dossiê "Ser criança no Brasil de hoje: (re)invenções da infância

Articoli simili

<< < 1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Puoi anche Iniziare una ricerca avanzata di similarità per questo articolo.