Questões contemporâneas em Angola
a língua umbundu como resistência anticolonial no Reino do Bailundo
Palavras-chave:
Língua nacional. Reino do Bailundo. AnticolonialismoResumo
No Planalto Central de Angola, a língua umbundu ocupa um espaço político e cultural significativo no debate, que visa estabelecer os contornos da identidade nacional. Este artigo discute duas nuances em torno dessa língua e de seus falantes. Em primeiro plano, retoma um tema caro aos protocolos do fazer etnográfico: a importância de dominar a língua do “outro” e os mecanismos que equilibram as relações de poder na situação da pesquisa de campo. Em segundo lugar, o texto propõe uma reflexão sobre as formas de resistência e afirmação cultural. A língua umbundu emerge como parte de um conjunto de práticas e narrativas que tentam afirmar uma história e uma cultura diferente daquela legada pela colonização portuguesa. Os dados apresentados resultam de uma pesquisa para tese de doutorado realizada nos anos de 2018 e 2019 no Município/Reino do Bailundo, província de Huambo, Angola. As conclusões indicam que nessa região predomina uma condição bilíngue entre a língua portuguesa, como língua oficial que abre a interação do povo do Bailundo com o mundo, e a língua umbundu, como estratégia deliberada para produzir um fechamento ao externo e ao indesejável. Portanto, é sobre essa estratégia e suas ambivalências que este artigo se trata.
Downloads
Referências
ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
APPIAH, K. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
COSTA, R. J. Colonialismo e gênero entre os Ovimbundu relações de poder no Bailundo (1880-1930). 2014. Tese (Doutorado em História) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/17291>. Acesso em: 25 nov. 2015.
DULLEY, I. Deus é feiticeiro: prática e disputa nas missões católicas em Angola colonial. São Paulo: Annablume, 2010.
FLORÊNCIO, F. Pluralismo jurídico e Estado local em Angola: um olhar crítico a partir do estudo de caso do Bailundo. Antropologia Portuguesa, n. 28, p. 95-134, 2011. Disponível em: <https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/6290/1/AP28%282%29.pdf>. Acesso em: 3 set. 2018.
MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Editora Abril, 1984.
MAMDANI, M. Ciudadano y súbdito: África contemporánea y el legado del colonialismo tardío. México: Siglo Veintiuno Editores, 1998.
MBEMBE A. África insubmissa: cristianismo, poder e Estado na sociedade pós-colonial. Mangualde; Ramada: Edições Pedago; Luanda: Edições Mulemba, 2013. (1 ed., Paris: Karthala, 1988).
NASCIMENTO, W. S. Gentes do Mato: os “novos assimilados” em Luanda (1926-1961). 2013. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-15012014-104601/publico/2013_WashingtonSantosNascimento_VCorr.pdf>. Acesso em: 07 mar. 2020.
NETO, C. M. De Escravos a “Serviçais”, de “Serviçais” a “Contratados”: omissões,
percepções e equívocos na história do trabalho africano na Angola colonial. Cadernos de
Estudos Africanos, Lisboa, n. 33, p. 107-129, jan.-jun. 2017. Disponível em:
<https://journals.openedition.org/cea/2206#quotation>. Acesso em: 12 jan. 2024.
NETO, C. M. Respeitar o passado – e não regressar ao passado: contribuição ao debate sobre
a Autoridade Tradicional em Angola. I Encontro Nacional sobre a Autoridade
Tradicional. Luanda, 20-22 mar. 2002
RESULTADOS DEFINITIVOS: Recenseamento geral da população e habitação – 2014. Luanda, Angola: Instituto Nacional de Estatística Gabinete Central do Censo Subcomissão de Difusão de Resultados, 2017.
SUNGO, M. L. M. O reino do Mbalundu: identidade e soberania política no contexto do Estado nacional angolano atual. 2015. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) –Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catariana. Florianópolis, 2015. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/169521/339577.pdf?sequence=1&isAl lowed=y>. Acesso em: 7 mar. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.