A contrapelo:

Jornal “Nós, mulheres” – mulheres negras na imprensa alternativa; da visibilidade à vocalidade

Autores

  • Marina P A Mello Unifesp

DOI:

https://doi.org/10.28998/rchv14n28.2023.0007

Palavras-chave:

feminismos negros, intelectuais negras, feminismos decoloniais

Resumo

Nesse artigo, propomos uma análise comparativa das expressões dos “feminismos afrodiaspóricos” visíveis nas páginas da imprensa negra paulistana (do início do século XX) à vocalidade efetiva de mulheres negras que escreveram, em um outro momento histórico, em jornais que desta feita, embora não identificados estritamente ao que denominamos como “imprensa negra”, integram a “imprensa alternativa”, como o jornal Nós Mulheres (1976-1978), que buscou redimensionar o escopo da pauta feminista, contemplando a necessária condição das mulheres racializadas, notadamente a de mulheres negras. Sendo muitas delas anônimas, figuraram como colaboradoras daquele movimento de reconfiguração da pauta feminista no Brasil. Inspiradas e ancorada no trabalho de historiadoras como Saidiya Hartman (2019), objetivamos identificar e analisar no periódico escolhido, traços da revolução ao mesmo tempo íntima e coletiva, promovida por mulheres negras diante do roteiro precário de liberdade, fraternidade e autonomia, prescrito para elas desde o pós abolição.

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Publicado

2023-12-20

Como Citar

P A Mello, M. (2023). A contrapelo: : Jornal “Nós, mulheres” – mulheres negras na imprensa alternativa; da visibilidade à vocalidade. Revista Crítica Histórica, 14(28), 106–130. https://doi.org/10.28998/rchv14n28.2023.0007

Edição

Seção

Dossiê As histórias de vida: pesquisa e ensino de história

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