“Tomar cuidado com o que eu falo”: ser criança na escola, ficar e brincar em casa
DOI:
https://doi.org/10.28998/lte.2016.n.2.2512Palabras clave:
antropologia da criança, etnografia, sigilo, fronteiraResumen
O autoentendimento de crianças como resultado da participação ativa nas relações entre adultos que, direta ou indiretamente, participam das atividades de comércio transfronteiriço na travessia do rio Paraná, na fronteira entre Ciudad del Este, -Paraguai e Foz do Iguaçu, - Brasil, é o foco deste artigo. As percepções e significados aí construídos por elas foram apreendidos durante uma experiência etnográfica em uma escola pública de ensino fundamental. A interlocução se deu com os alunos moradores do bairro próximo ao rio, da faixa etária entre oito e doze anos, por meio de diferentes formas de comunicação oral, gestual e gráfica, como desenhos e histórias de vida. Exploramos as relações entre uma cosmologia jurídico-política (que define as relações entre diferentes atores sociais aí envolvidos) e um certo tipo de epistemologia que não concebe o autoentendimento das crianças como mera reprodução de práticas e saberes observados dos adultos. O que as crianças vivem, sabem e falam são respostas parciais a um modo de existência marcado por reticências e silêncios, trazidos pelas sutis modulações na comunicação entre nós. Ser criança, nesse contexto, é ficar e brincar em casa, sob controle e vigilância dos adultos e, fora do bairro, na escola ou em qualquer outro lugar, é manter, sempre que possível, sigilo sobre seu modo de vida.
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