Paulo Henriques Britto: uma poética do cliché
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202171.97-107Resumo
Uma poesia que fale do nada e do tudo ao mesmo tempo; da negação e aceitação; que apresente uma lucidez tardia (SILVA, 2010). É esta a obra de Paulo Henriques Britto, aqui tomada com a base teórica do pensamento de Areal (2011) e Brayner (2014), que se esforçam na tentativa de estabelecer um manifesto em torno do cliché e torná-lo defensável. Conforme veremos, poetas como Britto têm em muito a se beneficiar de um entendimento mais amplo e menos carregado de pré-julgamentos sobre o cliché. Isso porque a tese que norteia este artigo é a de que não só Paulo Henriques Britto se pretende cliché no seu Nenhum mistério (e em toda a sua obra, por que não?), como fá-lo justamente no fito de movimentar um pouco esse lago da poesia contemporânea brasileira, como uma singela pedra, lançada pela mão de uma criança, que arrebenta a camada concreta da superfície. É, assim, de uma consciência ingênua (BRAYNER, 2014) que estamos falando.