(Neo)pentecostalismo e (neo)fascismo: sentidos em comunhão nos discursos religioso e político
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202376.194-218Resumo
Neste trabalho, tomando-se por fundamento a Análise do Discurso, intenta-se desvelar as contradições do discurso religioso, mormente o do cristianismo evangélico, como uma das expressões do discurso do capital na sociedade urbana brasileira. A partir das contribuições teóricas de Amaral (2007, 2021), Courtine (2016), Indursky (2019) e Orlandi (1984, 2006, 2020), trabalha-se com o discurso como objeto de análise, tendo como pressuposto a observação das condições de produção de uma sociedade em que discursos religiosos circulam para, a partir deles, observar-se a expressão de um fascismo que se manifesta. Tal discurso se assenta sobre elementos da religiosidade postos em circulação desde a Ação Integralista Brasileira (AIB), na década de 1930. Sustenta-se, assim, que existem elementos interdiscursivos deste movimento sociopolítico fascista que são resgatados na contemporaneidade intradiscursiva, o que demonstra haver uma tensão entre passado e presente, entre o já-dito e o ressignificado na atualidade. Isso se dá a partir da observação da sequência discursiva de referência (COURTINE, 2016) que se toma para a análise: “Deus, pátria, família”, lema integralista que se retoma no cenário político hodierno. Este dizer, como apontado por este estudo, revela-se como a sustentação linguístico-ideológica que ancora a base do discurso fascista no cenário hodierno.