O Talibã e a educação da mulher afegã: uma forma de silêncio, denúncia e resistência
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202376.282-298Resumo
Objetivamos analisar os efeitos de sentido produzidos em uma postagem no Instagram composta por uma fotomontagem, acompanhada de um enunciado, que retrata a ameaça aos direitos educacionais das mulheres afegãs. Em específico, analisar e descrever o funcionamento discursivo dessa ameaça como forma de silenciamento e, do mesmo modo, analisar como a luta pelos direitos estudantis da mulher afegã tem sido uma forma de denúncia e resistência, textualizada, principalmente, por meio da materialidade não-verbal. Para tanto, o arquivo corresponde a uma fotomontagem circulada no Instagram no momento de (re)ocupação pelo Talibã no Afeganistão. A análise foi realizada com base nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Materialista, sob os trabalhos de Pêcheux (1995), Orlandi (2005; 2007; 2020), Modesto (2015), Neckel (2015) e Souza (1997). Com a análise, observamos como a educação feminina afegã, significada na fotomontagem, sofre determinações próprias do autoritarismo, silenciando esse público. No entanto, pelo contexto imediato, notamos movimentos de resistência e denúncia funcionando de modo concomitante. Portanto, ainda que seja uma montagem de uma fotografia, os elementos que diferenciam a fotomontagem de sua versão origem significam de algum modo e vão desencadear efeitos de sentidos outros, mas que estão relacionados em algum ponto com a produção originária.