Inês de Castro em Invenção
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.201657.64-82Resumo
Entre as inúmeras vozes que entretecem Invenção de Orfeu, Jorge de Lima convoca também largamente a de Camões. A Inês de Castro, por exemplo, para além de referências dispersas, dedica todo o XIX poema do Canto II bem como todo o Canto XIX da longa epopeia. Imprevisíveis, as palavras, alinhadas segundo nexos indecifráveis, sublinham a singularidade do autor que apresentaum novo olhar sobre o tema, reinventando uma Inês que nada tem a ver com a que Os Lusíadas configura. Não a vemos, assim, no texto jorgeano, penitente, numa última súplica, instigando emoções, mas serena, sem rancor nem vontade de retaliação.
Em Invenção de Orfeu, Inês aceita pacificamente o vazio da inexistência e reinventa-se num outro lugar, fora do espaço e do tempo, onde permanece para sempre como uma sedutora de poetas.