A insolência nos movimentos do social: sentidos interditados na favela do Jacarezinho
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202376.250-266Resumo
Ancorado na Análise do Discurso de vertente materialista, o presente trabalho analisa a insolência inscrita na instalação de um memorial às vítimas de uma operação policial realizada na favela do Jacarezinho. O memorial do Jacarezinho, após uma semana de sua instalação, foi derrubado e reduzido a cacos pela Polícia Civil, que interditou a ameaça posta pela tensão entre os sentidos reproduzidos pela ordem vigente e o não sentido. A insolência, compreendida como a resistência no social, dialoga com o não sentido, o não-realizado, ameaçando a administração dos sentidos existentes. Ao qualificar a política vigente no Estado do Rio de Janeiro como genocida e racista, o memorial explicita a corriqueira violência criminosa do Aparelho Repressor, denuncia a barbárie praticada regularmente pela polícia e tensiona sentidos em contradição à descartabilidade biológica do corpo negro, morador da favela.