Da linguagem de uma aventura à aventura da linguagem: estratégias de transmissão da memória em A resistência, de Julián Fuks
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202480.157-172Resumo
O presente estudo se propõe a desenvolver algumas reflexões sobre as estratégias de transmissão da memória em A resistência, de Júlian Fuks. Para tanto, recorremos à concepção de memória de Candau (2016) e aos pressupostos teóricos de Hutcheon (1984), Lepaludier (2002) e Rodrigues (2015), entre outros. Em A resistência, a partir da invocação da memória familiar, o narrador transita entre afirmar a obra que escreve como ficção e marcá-la de autorreferencialidades. Entre uma coisa e outra, o processo de confecção literária torna-se visível. Portanto, nota-se neste romance de Fuks a recorrência a duas estratégias literárias que viabilizam a transmissão da memória e que se encontram intimamente relacionadas: a auto e a metaficção.
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