O Riso de Fausto
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202482.214-228Palavras-chave:
Riso. Ceticismo. Reconhecimento. Fausto. ModernidadeResumo
O presente artigo é uma investigação sobre “uma das menores recorrências” do romance Doutor Fausto de Thomas Mann, a saber: o riso de Adrian Leverkühn. Busca-se, assim, associar uma circunstância presente no romance (o riso) à problemática maior da obra: o fazer artístico na modernidade. Não somente o autor textualmente relaciona o romance ao fazer artístico, ou seja, sua problemática maior, como também a presença de Theodor Adorno, leitor e crítico da obra aponta nessa direção. Dessa maneira, a pergunta que norteia o presente estudo é: De que forma o riso de Adrian conecta-se a seu próprio fazer artístico? Associações são feitas ao longo do artigo com o conceito de reconhecimento do filósofo norte-americano Stanley Cavell e o ceticismo referente à falta do mesmo. Teóricos tais como Bergson, Baudelaire e Morreall fornecem a fundamentação para teorias do riso. Ademais, ao longo do texto, a presença do riso em outras interpretações fáusticas escritas na primeira metade do século XX também será comparativamente abordada. Assim, no presente estudo a posição singular de Adrian, no cenário fáustico, mostra-se conectada à irrupção do riso, que longe de ser um dado menor, revela-se enquanto primordial para compreensão de sua produção artística.
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