A roda e o tempo espiralar em dois textos de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202481.255-266Resumen
Este artigo analisa as relações entre a roda e o tempo espiralar presentes em dois textos literários da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo, sendo eles: o poema “A roda dos não ausentes”, publicado no livro Poemas da recordação e outros movimentos, e o romance Ponciá Vicêncio. Parte-se para tal análise dos estudos de Arruda (2015), Ferreira e Castro (2020), Peçanha (2012) e Rufino (2019) para compreender os múltiplos significados que a roda possui em manifestações culturais africanas e afro-brasileiras, assim como para compreender as relações da roda com uma concepção de tempo não linear presente nessas culturas, um tempo que é melhor expressado pelo conceito de “tempo espiralar”, desenvolvido por Martins (2021). Como resultado, observa-se que, em ambos os textos analisados, a roda é traçada pelos movimentos do corpo e da voz que inscrevem o tempo espiralar, atuando, simultaneamente, como espaço de encontro dos indivíduos com sua ancestralidade e espaço de retomada das suas identidades raciais.
Descargas
Citas
ARRUDA, Eduardo. Fenomenologia hermenêutica e a cultura afro-brasileira: Religião, capoeira, cosmovisão africana e práxis étnico-racial. In: Convenit Internacional. 2015. Cemoroc-Feusp / IJI - Univ. do Porto.
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1990.
CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Tradução: Sandra Vasconcelos. São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda., 1999.
DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, nº. 31. Brasília, janeiro-junho de 2008, pp. 11-23
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2020.
FERREIRA, Luzia Gomes; CASTRO, Julie. O xirê da leitura: mulheres negras grafando memórias em letras de poesia em letras de poesia - como um espaço de fala, escuta e cura. Revista Jangada, Viçosa, v. 8, n. 1, p. 188-201, jun. 2020.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da Amefricanidade. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019.
MARTINS, Leda. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução: Renata Santini. São Paulo: N-1 Edições, 2020.
PEÇANHA, João. O choro, o samba de roda e a matriz africana. In: Simpósio Brasileiro de Pós-graduandos em Música, n.2. Rio de Janeiro, 2012.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.