"Socorro, forças armadas": clamor e exação nos atos golpistas pós-eleições 2022
Abstract
Por setenta dias, apoiadores de Bolsonaro sediaram os arredores de prédios militares. Tais mobilizações geraram diferentes textualizações que circularam na imprensa nacional, servindo-nos de apoio para as análises empreendidas neste artigo. A partir da Análise de Discurso materialista, buscamos compreender os gestos dos eleitores bolsonaristas em suas relações simbólicas dadas em diferentes cadeias de sentidos: língua, corpo, espaço. As análises demonstram que é no deslize entre exigência (resposta a um compromisso pré-construído) e súplica (vínculo [im]possível com alteridade hierarquicamente superior) que os manifestantes pró-golpe, expostos aos efeitos da não homogeneidade das discursividades, tentam suprir sua necessidade por sentidos, ainda que para isso tenham que se sujeitar às regras do censor.
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