Entre o formal e o informal: as ZEIS como instrumento do planejamento urbano na Subprefeitura de Itaquera

Auteurs-es

  • Sara Uchoa Araújo Silva

DOI :

https://doi.org/10.28998/lte.2019.n.2.9135

Mots-clés :

Informalidade, Planejamento, ZEIS, Formalização, Itaquera,

Résumé

A ideia do informal é comumente assimilada ao seu aspecto de negação. A informalidade tem sido entendida como diametralmente oposta ao que é formal e, no campo dos estudos urbanos, esse antagonismo é utilizado como estratégia discursiva para medidas práticas no território. Entendendo as regulações urbanas como o elemento a cindir a membrana porosa entre o formal e o informal no espaço, as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) surgem, então, como fruto da luta popular pela legitimidade dos assentamentos informais dentro do planejamento urbano formal. A partir da análise das ZEIS, da sua efetividade enquanto instrumento jurídico e espacial, foi possível vislumbrar como o poder público pensa a informalidade urbana articulada ao planejamento da cidade. Em São Paulo, inserida no contexto do capitalismo periférico, a utilização da Subprefeitura de Itaquera, como estudo de caso, se deu por ilustrar, por um lado, as transformações recentes na lógica de estruturação da cidade e, por outro, de um modelo de produção do espaço onde a informalidade urbana se apresenta mais como regra do que exceção.

Abstract

The idea of the informal is commonly assimilated to its opposite. The informality has been understood as diametrically opposed to what is formal and, in the urban studies, this antagonism is used a discursive strategy for intervention in the territory. Once you see urban regulations as the element that breaks up the porous membrane between “the formal” and “the informal” in urban territory, the Special Zones of Social Interest (ZEIS, in Brazil) are the result of the popular struggle for the legitimacy of informal settlements within formal urban planning. From the analysis of ZEIS, of its effectiveness as a legal and spatial instrument, it was possible to understand how the State thinks the urban informality, articulated to the city planning. In São Paulo, in the context of peripheral  capitalism, the choice of region of Itaquera as case study it’s because its territory shows the recent transformations in the structuring logic of the city and a model of space production where urban informality is more a rule than an exception.  

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur-e

Sara Uchoa Araújo Silva

Graduada do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará com mobilidade acadêmica na Universidade Federal Fluminense. Mestre, bolsista pelo CNPq, em Sociologia Urbana, pelo programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Pontífice Universidade Católica (PUC/SP), onde integrou o grupo de pesquisa da Rede Observatório das Metrópoles – Eixo São Paulo. Experiência em desenvolvimento de projetos de intervenção urbana junto à população e tem atuado principalmente em pesquisas envolvendo habitação social, regularização fundiária, planos diretores, Estatuto da Cidade e grandes projetos urbanos. Atualmente elaboro projetos paisagísticos para a empresa Jardim Litorânea, além de acompanhar, voluntariamente, as Plenárias do Campo Popular do Plano Diretor e a elaboração dos Planos Integrados de Regularização Fundiária (PIRFs) da ZEIS do Pirambu, em Fortaleza.

Références

ABRAMO, Pedro. Cidade com-fusa a mão inoxidável do mercado e a produção da estrutura urbana nas grandes metrópoles latino-americanas. R. B. Estudos Urbanos e Regionais, v.9, n.2, 2017.

ABRAMO, Pedro. Uma teoria econômica da favela: quatro notas sobre o mercado imobiliário informal em favelas e a mobilidade residencial dos pobres. Cadernos IPPUR, Rio de Janeiro, Ano XVI, Nº 2, 2002, p. 103-134.

AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.

ALBUQUERQUE, Maria J .Verticalização de Favelas em São Paulo: balanço de uma experiência (1989 -2004). Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1982.

ALFONSIN, Betania de M. Direito à moradia: instrumentos e experiências de regularização fundiária nas cidades brasileiras. Rio de Janeiro, IPPUR/FASE, 1997.

BAYAT, Asef. Radical religion and the habitus of the dispossessed: does Islamic militancy have an urban ecology? International Journal of Urban and Regional Research, v. 31, n.3, 2007.

BENJAMIN, Solomon. Occupancy urbanism: radicalizing politics and economy beyond policy and programs. International Journal of Urban and Regional Research, v.32, n.3, 2008.

BÓGUS, Lucia; RAPOSO, Isabel; PASTERNAK, Suzana. Da irregularidade fundiária urbana à regularização: análise comparativa Portugal-Brasil. [S.l: s.n.], 2010.

BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação Social no Brasil: Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria. Estação Liberdade / Fapesp, São Paulo, 1998.

BRANDAO, Ana Júlia Domingues N.; LEITÃO, Karina O. O Programa de Urbanização de Favelas de São Paulo: as transformações físico-urbanísticas da Favela do Sapé. In: IV Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2016, Porto Alegre. Anais do IV Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Porto Alegre: ANANPARQ, 2016.

CARVALHO, Elza Maria B. Avanços e impasses das políticas públicas de regularização de favelas, conjuntos habitacionais e loteamentos no Município de São Paulo. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

BRASIL. Lei nº 9.785, de 29 de janeiro de 1999. Altera o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941 (desapropriação por utilidade pública) e as Leis nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (registros públicos) e 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (parcelamento do solo urbano). Brasília, DF: Congresso Nacional, 1999.

BRASIL. Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2001.

BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade e legislação correlata. Brasília, DF: Senado Federal, 2004, reimpressão.

BRASIL. Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. Institui o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2009.

BRASIL. Secretaria Nacional de Habitação. Como delimitar e regulamentar Zonas Especiais de Interesse Social: ZEIS de Vazios Urbanos. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2009.

BRASIL. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. Como produzir moradia bem localizada com os recursos do Programa Minha Casa Minha Vida? Implementando os instrumentos do Estatuto da Cidade! Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2010.

BRASIL. Medida Provisória nº 759, de 22 de dezembro de 2016. Dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentamentos da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal, institui mecanismos para aprimorar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União, e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2016.

CACCIAMALI, Maria C. Um estudo sobre o setor informal urbano e formas de participação na produção. Tese (Doutorado em Economia) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1982.

CALDAS, Nisimar Martinez P. Os novos instrumentos da política urbana: alcance e limitações das ZEIS. 2009. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006.

DE SOTO, Hernando. O mistério do capital: por que o capitalismo dá certo nos países desenvolvidos e fracassa no resto do mundo. Rio de Janeiro: Record, 2001.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia M. Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1987.

MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo. São Paulo: Hucitec, 1996.

ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015.

ROLNIK, Raquel; SAULO JÚNIOR, Nelson (Coords.). Estatuto da cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos: Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002.

ROY, Ananya. Urban Informality: Toward an Epistemology of Planning. Journal of the American Planning Association, v. 71, n. 2, 2005.

ROY, Ananya. Why India cannot plan its cities: Informality, Insurgence and the Idiom of Urbanization. Planning Theory, v. 8, n.1, 2009.

ROY, Ananya. Slumdog Cities: Rethinking Subaltern Urbanism. International Journal of Urban and Regional Research, v. 35, n. 2, 2011.

ROY, Ananya; AlSayyad, Nezar. Urban informality: transnational perspectives from the Middle East, Latin America, and South Asia. Lexington Books, Lanham. 2004.

SANTORO, Paula Freire. Planejar a expansão urbana: dilemas e perspectivas. Tese (Doutorado em Habitat) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SANTO AMORE, Caio. Entre o nó e o fato consumado, o lugar dos pobres na cidade: um estudo sobre as ZEIS e os impasses da reforma urbana na atualidade. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

SANTO AMORE, Caio. Lupa e telescópio: o mutirão em foco – São Paulo, anos 90 e atualidade. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

SANTOS, Milton. Pobreza Urbana. São Paulo, Hucitec, 1978.

SOUZA SANTOS, Boaventura de. "Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada". In: SOUZA Jr., J. G. (org.). Introdução crítica ao direito. Brasília, UnB, 1993

TELLES, Vera da Silva; HIRATA, Daniel Veloso. Ilegalismos e jogos de poder em São Paulo. Tempo Social, Revista de sociologia da USP, 22(2), 2010, pp. 39-59

Téléchargements

Publié-e

2020-09-29

Comment citer

SILVA, Sara Uchoa Araújo. Entre o formal e o informal: as ZEIS como instrumento do planejamento urbano na Subprefeitura de Itaquera. Latitude, Maceió-AL, Brasil, v. 13, n. 2, p. 121–163, 2020. DOI: 10.28998/lte.2019.n.2.9135. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/9135. Acesso em: 24 nov. 2024.

Numéro

Rubrique

Artigos

Articles similaires

1 2 > >> 

Vous pouvez également Lancer une recherche avancée d’articles similaires à cet article.