As contribuições semânticas e pragmáticas do diminutivo na predicação secundária
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202482.261-279Resumo
Este trabalho investiga a contribuição do diminutivo (em adjetivos predicativos orientados para o objeto) para uma leitura de resultado, como em: [Carlos ralou a cenoura fininha] (Carlos ralou a cenoura, e o resultado dessa ação foi a cenoura ficar fina). A ausência da flexão revela um contraste: [Carlos ralou a cenoura fina], em que a leitura mais saliente é a atributiva (DP acusativo e adjetivo integram um mesmo constituinte). Assim, o objetivo deste trabalho é investigar o fenômeno por um viés semântico-pragmático, uma vez que o diminutivo nas construções em jogo não ocorre em seu significado default ou estritamente composicional. Por outro lado, o significado também não é arbitrário, mas sim traz (generalizadamente) uma leitura de resultado. A evidência independente para se analisar esse uso do diminutivo em termos semânticos/pragmáticos encontra respaldo em Pires de Oliveira e Basso (2014), que analisam determinados usos não convencionais do diminutivo em PB. A presente pesquisa então estende à predicação secundária os testes propostos em Pires de Oliveira e Basso. O resultado parece indicar algumas características das construções que as aproximam de implicaturas convencionais em termos do sentido depreendido (‘disparado’) pela presença da flexão de diminutivo.
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