Memória e invenção em Os anões, de Veronica Stigger
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202481.243-254Resumo
Esta pesquisa se propõe a analisar a obra Os anões (2010) de Veronica Stigger, escritora da literatura brasileira contemporânea, buscando discutir as relações entre memória e invenção que atravessam as narrativas escolhidas para compor o corpus do trabalho. Sua produção literária se oferece aqui como objeto de estudo que desafia os limites entre os gêneros literários e não literários, realidade e ficção, escrita e vida, e se faz num universo sobretudo autônomo. Para isso, foram escolhidos os textos “Imagem verdadeira”, “200 m²”, “Poeta Drummond Flat Service” e “Tatuagem”, considerando procedimentos vinculados à memória, escrita e autobiografia ficcional. Como fundamento teórico-metodológico, foram selecionados estudos de teoria e crítica literária, em diálogo com textos que tratam da literatura, da memória e da escrita na contemporaneidade, além da fortuna crítica da autora e da obra estudada. A partir disso, destaca-se a frequente retomada dialógica de uma vasta memória de textos e de elementos urbanos no livro pesquisado, bem como a relação de reciprocidade entre invenção e memória e a exploração dos limites entre biografia e ficção, na obra de Veronica Stigger, como atitudes que refletem as características da literatura contemporânea.
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