O tempo de uma espera sem fim. La douleur, de Marguerite Duras
Resumen
Este artigo tem como centro da análise o texto La douleur (1985), de Marguerite Duras, no qual a autora escreve sobre e sob a espera pelo retorno de seu marido, preso em um campo de concentração, no final da Segunda Guerra Mundial. Com uma escrita que incorpora a exaustão e a insustentabilidade dessa espera, a autora coloca em contraste a própria dor em oposição a uma ideia de paz e glória que se manifestava naquele momento na França. Qual o tempo de uma espera que não tem fim? Partindo dessa questão central, buscamos analisar a temporalidade em La douleur, ao escapar do presente e do passado, apontando talvez para um futuro que, mesmo improvável, parece ocupar o vazio da espera e de um tempo em suspensão. Para tanto, dialogamos sobretudo com os pensadores Gilles Deleuze, Maurice Blanchot e David Lapoujade, cujas teorias coadunam com a nossa visão de insuficiência do tempo mensurável, cronológico, e com a urgência de novas ordens do tempo – que, em La douleur, é provocado por uma espera na qual o presente é quase que inteiramente suprimido.
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Citas
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