Não-binariedade de gênero e marcação de gênero neutro de acordo com a mídia jornalística: a construção de sentido em diálogo com as noções de crença e preconceito linguístico
DOI :
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202480.111-124Résumé
É propósito do presente artigo investigar de que forma é abordada na mídia o uso de marcações de gênero neutras, considerando o uso da vogal -e e a alteração de pronomes para a referência de um terceiro gênero. Para tal, foi selecionada para análise uma matéria noticiada em 2019 pelo telejornal Café com Jornal, da Rede Bandeirantes, que aborda a inclusão do pronome they singular no dicionário Merriam-Webster e abrange alternativas de neutralização de gênero em português. Toma-se como base teórica os estudos de Patrick Charaudeau (2013), no que se refere aos processos de construção de sentido, em diálogo com Marcos Bagno (1999) acerca do que se compreende por preconceito linguístico, considerando complementarmente aspectos de caráter discursivo, especialmente advindos da Teoria Dialógica do Discurso. A partir da análise conduzida, evidencia-se que o processo de transformação do fato noticiado ocorre com o apoio de saberes associados a crenças, que envolvem uma noção idealizada de língua. Considera-se que os processos de construção de sentido analisados são passíveis de causarem um efeito de verdade no telespectador, o que pode contribuir para a disseminação de posicionamentos ideológicos que propiciam o preconceito e a discriminação em relação às pessoas de identidade de gênero não-binária.
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