Habitar o comum: poesia, corpo e rito em Rollo de Resende

Abstract

Ensaiamos uma abordagem da produção poética do paranaense Rollo de Resende (1965-1995) por meio da estrutura antológica de Espáduas (2022), em um diálogo crítico-teórico que o contextualiza na cena literária brasileira – caso de Nunes (1991) e Moraes (2008) –, e possibilita examinar aspectos de seu procedimento poético – caso de Bataille (2014) e Glusberg (2013). Nosso enfoque será a inquirição de modos de participação do sujeito e da palavra num “corpo” comum, seja ele criativo, social ou afetivo. Tal processo de constituição de laços vitais num presente histórico assombrado pela epidemia de HIV/AIDS será determinado pela corporeidade, pelo exercício ritual do cotidiano, e sequente descentramento do sujeito individuado. Resultará daí uma poética estabelecida transitoriamente entre polos opostos, que torna complexa a ideação de uma positividade existencial. No âmbito metalinguístico – igualmente essencial no poeta – chegaremos à defesa da literatura como lugar habitável se possível equacionar dois extremos: poesia que se quer revelação ou restrita se comparada a outras experiências relacionais.