“Deus me colocou aqui?”: reflexos da identidade neopentecostal no controle social dentro e fora do cárcere
DOI:
https://doi.org/10.28998/lte.2019.n.2.10191Parole chiave:
controle social, neopentecostalismo, religião, cárcere,Abstract
O presente trabalho propõe-se a explorar as mudanças socioculturais que promoveram o avanço do movimento neopentecostal no Brasil e a possível relação entre essa evolução e a gerência da pobreza, sobretudo no âmbito do sistema penitenciário. Para isso, foi empregado o método hipotético-dedutivo, roborado por duas pesquisas empíricas: uma de natureza etnográfica, no presídio feminino de segurança máxima Santa Luzia, e outra jurisprudencial, a partir de decisões do Tribunal de Justiça de Alagoas, nas quais a religião evangélica foi levantada como argumento para fundamentar a ressocialização, a ausência de periculosidade ou a inocência. Foi observado o liame entre a desconstrução da formalidade empregatícia e a construção da identidade social neopentecostal, como também a importância do controle social informal desempenhado pelo neopentecostalismo dentro e fora do cárcere.
Abstract
This paper aims to explore the socio-cultural changes that promoted the advancement of the neo-Pentecostal movement in Brazil and the possible relationship between this evolution and the management of poverty, especially within the prison system. For this, the hypothetical-deductive method supported by two empirical researches was used: one of an ethnographic nature in the maximum security female prison Santa Luzia and another jurisprudential based on decisions of the Court of Justice of Alagoas in which the evangelical religion was raised as an argument to substantiate resocialization, absence of danger or innocence. In this sense, the link between the deconstruction of employment formality and the construction of neo-Pentecostal social identity and the importance of informal social control performed by neo-Pentecostalism inside and outside the prison was observed.
Downloads
Riferimenti bibliografici
BATISTA, Analia Soria. Estado e controle nas prisões. Caderno CRH, Salvador, v. 22, n. 56, Maio/Ago, 2009.
BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira, 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
BECKER, Howard. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Tradução: Maria Luiza Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BICCA, Alessandro. Os eleitos do cárcere: etnografia sobre violência e religião no sistema prisional gaúcho. Tese (Mestrado em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.
BARATA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 1999.
BÍBLIA. Almeida Corrigida Fiel. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br>. Acesso em: 01 mar. 2020.
BOURDIEU, Pierre. Sociologia. (organizado por Renato Ortiz). São Paulo: Ática, 1983.
BOURDIEU, Pierre. A Economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
CALAME, Claudio. O sujeito da enunciação. Cruzeiro Semiótico, Associação Portuguesa de Semiótica, Porto: Julho, 1986.
CAMPOS, Leonildo Silveira. As origens norte-americanas do pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação ainda pouco avaliada. Revista USP, São Paulo, n. 67, novembro, 2005.
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo, 5. ed. São Paulo: Record, 2004.
DANTAS, Bruna. Religião e política: ideologia e ação da Bancada Evangélica na Câmara Federal. Tese (Doutorado em Psicologia) - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2011.
DJALÓ, Maximiano Mati. A seletividade dos estratos (classes) sociais mais baixos, criminologia e controle social. Disponível em: <http://www.pucrs.br/direito/wp-content/uploads/sites/11/2018/09/maximiano_djalo.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2020.
DOURADO, Flávia. As mudanças na religiosidade brasileira. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2004, modificado em 2019. Disponível em: <http://www.iea.usp.br/noticias/as-mudancas-na-religiosidade-brasileira>. Acesso em: 18 fev. 2020.
FRANCISCO, Adilson. Testemunhos de fé: mídia e transformações religiosas contemporâneas. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300939137_ARQUIVO_TESTEMUNHOSMIDIATICOS-AnPuhADILSON.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2020.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação?, 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GAMBOA JÚNIOR, Eduardo. “Vai trabalhar vagabundo”: a malandragem no banco dos réus. Trabalho de Conclusão de Curso - Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/22488/22488.PDF>. Acesso em: 28 jun. 2020.
GOFFAMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada, 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
GOMES, Luis Flávio. Evolução da população carcerária brasileira de 1990 a 2012. Lex Magister. Disponível em: <http://www.lex.com.br/doutrina_24968222_EVOLUCAO_DA_POPULACAO_CARCERARIA_BRASILEIRA_DE_1990_A_2012.aspx>. Acesso em: 10 mar. 2020.
HOORNAERT, Eduardo (Coord.) História geral da igreja na América Latina: história da Igreja no Brasil. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1979.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito, 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
MARIANO, Ricardo. Expansão pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal. Estudos Avançados, v. 18, n. 52, 2004. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10028>. Acesso em: 06 mar. 2020.
MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 1999.
MATOS, Alderi Souza. O movimento pentecostal: reflexões a propósito do seu primeiro centenário. Fides Reformata XI, nº 2, Mackenzie, 2006.
PIMENTEL, Elaine. Mulheres, cárcere e mortificação do self. In: Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10, Florianópolis, 2013. Disponível em: <http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1373335789_ARQUIVO_Mulheres,carcereemortificacaodoself.pdf>. Acesso em: 29 de mar. 2020.
QUEIROZ, Cristina. O crescimento da fé evangélica. Nexo Jornal, 2019. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/externo/2019/12/09/O-crescimento-da-f%C3%A9evang%C3%A9lica>. Acesso em: 18 fev. 2020.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2015.
RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punição e estrutura social, 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
SAMPAIO, André. A onipresença processual dos atos de investigação como sintoma biopolítico. Tese (Doutorado em Direito) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2015. Texto parcial. Disponível em <http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/7240>. Acesso em: 30 mar. 2020.
SANTOS CABRAL, Adriana. Vagabundos e criminosos: o trabalho como mecanismo de poder e índice de criminalização no discurso jurídico-penal de reinserção social dos apenados. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) - Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Sociedade, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2016. Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1698/1/CT_PPGTE_D_Santos%2C%20Adriana%20Cabral%20dos_2016.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2020.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal, 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SILVA, Vagner Gonçalves. Neopentecostalismo e religiões afro-brasileiras: Significados do ataque aos símbolos da herança religiosa africana no Brasil contemporâneo, Mana, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 207-236, 2007.
SILVA, Ademir Santos. et al. Reconstruindo elos: uma experiência de extensão no espaço das prisões e nas unidades socioeducativas de Alagoas. In: Anais do 3º Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão, Recife, 2017. Disponível em: <http://andhep.org.br/anais/arquivos/3SIPP/gt8.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2020.
SILVEIRA, Marcelo. O discurso da teologia da prosperidade em igrejas evangélicas pentecostais: estudo da retórica e da argumentação no culto religioso. Tese (Doutorado em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
VITAL, Christina. Oração de traficante: uma etnografia. Rio de Janeiro: Garamond, 2015.
WACQUANT, Loïc. Poder simbólico e fabricação de grupos: como Bourdieu reformula a questão das classes. Novos estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 96, p. 87-103, July 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002013000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 jul. 2020.
WACQUANT, Loïc. O lugar da prisão na nova administração da pobreza. Novos estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 80, p. 9-19, Mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 jul. 2020.
Downloads
Pubblicato
Come citare
Fascicolo
Sezione
Licenza