Morte à venda: discurso capitalista e cinismo ideológico no mercado de jazigos
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.201250.163-183Palavras-chave:
Análise do Discurso, Morte, MercadoriaResumo
O espectro de temor que ronda a morte criado pela cultura ocidental parece não ter afetado o mercado funerário contemporâneo, que investe maciçamente em propagandas que unem ironia e humor para vender aos sujeitos a ideia de um planejamento fúnebre de cunho financeiro. Levando isso em consideração, este artigo pretende compreender os efeitos de sentido que esse “novo” discurso sobre a morte possibilita, recorrendo aos conceitos de mercadoria e fetiche (Marx) e cinismo como forma de ideologia (Zizek). A Análise do Discurso (AD) pecheutiana é tomada como arcabouço teórico-metodológico norteador. Quanto às materialidades discursivas, são trazidos anúncios de jazigos divulgados por um cemitério de Maceió/AL, considerando os dizeres e as imagens apresentados em seus efeitos de evidência. A morte é apropriada pelo sistema capitalista, que produz mercadorias para satisfação de necessidades que não são imediatas, tentando desenvolver uma cultura de consumo, que tem na reprodução do capital seu principal objetivo.