Tempos, memórias e narrativas: retratos da infância na autobiografia epistolar de Emma Reyes
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202170.147-159Palavras-chave:
Infância, Memória, Tempo, NarrativaResumo
A proposta deste trabalho é apresentar reflexões acerca dos retratos da infância na autobiografia epistolar Memória por correspondência (2016), de Emma Reyes. Em sequência cronológica, a artista plástica colombiana apresenta uma reconstituição panorâmica da sua infância narrada em 23 cartas enviadas a um amigo. Os retratos desse passado da artista são imagens cujas composições se dão pelas reminiscências e experiências sensoriais/emocionais, realçadas pelos traços criativos da imaginação. Nesse sentido, os textos epistolares que compõem a obra de Reyes possuem um caráter estético-literário e sua linguagem expressa uma potência poética, transformando sua escrita epistolar em um espaço de criações inventivas e literárias. A partir de contribuições da psicanálise e da filosofia sobre infância e memória, este artigo analisa as narrativas de episódios como os de abandono, crimes, incêndios e festas, que são retratados como resultados de associações de ideias, entremeados por reflexões do próprio processo de recuperação das lembranças e, ainda, contados por meio do uso estético da linguagem.