Monstro e bruxa: feminismos na canção brasileira contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202066.381-397Palavras-chave:
Poesia contemporânea, Canção brasileira, FeminismosResumo
A canção e o poema têm uma longa e amorosa relação. No Brasil, muitos poemas foram musicados e muitas composições dialogam com a nossa vasta produção poética. A circulação do poema pode dar-se em diversos meios e suportes. Ela pode chegar até o/a seu/sua receptor/a em um livro impresso, modo privilegiado pelas pesquisas acadêmicas, ou sustentada pela voz de um/a cantor/a. Este texto não estabelece distinções hierárquicas entre canção e poema, tratando-os igualmente como produtos simbólicos pertencentes ao universo da palavra em sua dimensão estética e, em meio a mudanças significativas na cena musical e literária brasileira, neste início de milênio, tem como objetivo analisar as letras das canções "Eu sou um monstro", do disco Selvática (2015), de Karina Buhr; e "Joana Dark", do disco Trança (2018), de Ava Rocha, a fim de discutir como a canção contemporânea vem contribuindo para a refletir acerca da desconstrução de estereótipos de gênero operados na sociedade brasileira. Essa análise breve se faz em diálgo com a proposições teóricas de Silvia Federeci (2018), Naomi Wolf (1991), Rebecca Solnit (2013), entre outras.