Entre o real e o imaginário: modernidade, tradição e o poder do fantástico em A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli

Resumo

Este artigo explora as dimensões socioculturais e psicológicas de A Cabeça do Santo (2014), de Socorro Acioli, sob a ótica da literatura fantástica, com foco na jornada do protagonista Samuel e suas implicações mais amplas. Ao analisar a construção de espaços insólitos na narrativa e a justaposição entre modernidade e tradição, o estudo investiga como Acioli emprega a ambiguidade espacial e vozes polifônicas para refletir tensões sociais, conflitos existenciais e marginalização rural. Por meio de uma abordagem teórico-crítica fundamentada em conceitos de realismo mágico, polifonia e teoria do espaço, a análise revela como o romance conecta o real e o imaginário, entrelaçando identidade cultural, subjetividade individual e violência social. Os resultados destacam as estratégias narrativas inovadoras de Acioli na representação da interação entre fé, folclore e mudanças tecnológicas, enfatizando, por fim, a resiliência e a invisibilidade das comunidades marginalizadas. Este estudo contribui para as discussões sobre a literatura brasileira contemporânea, especialmente sua interação com tradições regionais e temas universais de poder, deslocamento e transformação.