e-ISSN: 2317-9945 | ISSN: 0103-6858
Palavras-chave: Gênero. Discurso. Resistência. Travesti. Transexual .
O presente artigo pretende analisar a relevância da linguagem nos processos sociais de dominação e transformação, tomando como objeto de análise a obra literária Translado: narrativas trans. da Av. Pedro II (2018). O livro registra um projeto que buscou, através da arte, resgatar memória, território e identidade de travestis e mulheres trans. da Av. Pedro II em Belo Horizonte, Minas Gerais. Assim, através de materialidades significantes diversas – em forma de oficinas – emergiram narrativas de vivências, posições e práticas de resistência aos discursos de consenso produzidas pelas próprias travestis e mulheres trans. Para tanto, buscou-se tratar a temática de gênero com base nos estudos de Judith Butler, em Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (2012); sobre a questão do discurso, embasamo-nos em A ordem do discurso (1996) de Foucault e no aporte de Gérard Genette sobre Paratextos Editoriais (2018); e, por fim, a respeito de política e resistência, Putafeminista (2018), de Monique Prada corrobora com a pesquisa na medida em que aponta as problemáticas em torno do exercício da prostituição no Brasil. Destarte, foi possível confirmar a importância da linguagem – seja ela literária, artística, corporal – nas relações e interpelações e concluir que esta está intrinsecamente amarrada às tramas sociais.
Julia Luiza Bento Pereira, UFJF / IFMG
Doutoranda em Letras - Estudos Literários, pela Universidade Federal Juiz de Fora e professora de Língua Portuguesa e Literatura do Instituto Federal de Minas Gerias - Campus Congonhas.