Do discurso outrem à memória interdiscursiva: análise da música Não Tá Mais De Graça
DOI :
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202169.147-161Mots-clés :
Discurso. Música. Memória Interdiscursiva.Résumé
O presente artigo tem o intuito de observar a organização dos (inter) discursos e a construção de uma Memória Interdiscursiva na canção Não Tá Mais de Graça, cantada por Elza Soares com a participação e composição do também cantor, Rafael Mike. Para isso, analisamos como o texto da canção é organizado partindo do discurso outrem. Especificamente, observamos como: as formas de heterogeneidade enunciativa se organizam; os discursos/vozes integram o texto, e como a organização dessas vozes refletem uma Memória Interdiscursiva. Nossa fundamentação teórica parte dos conceitos de discurso outrem (Bakhtin/Volochínov, 2014), polifonia (Ducrot, 1987), heterogeneidade enunciativa e as formas de remissão do discurso (Authier-Revuz (1990), e os conceitos de memória e interdiscurso de Pêcheux (1997). Por meio da análise da presença dos discursos direto (DD), indireto (DI) e direto com “que” (DDq), tratamos da relação entre a música e os seus discursos veiculados, e utilizados como denúncia e protesto. Considerando-as, como formas de demarcação de posicionamentos e contrariedades ideológicas-discursivas, que constroem, pontos de fala, e discursos de quem faz parte da canção e para quem a letra é direcionada. Por fim, verificamos a constituição de uma formação discursiva que produz uma Memória Interdiscursiva e consequentemente, estrutura a letra da música.