Impossíveis sinceridades em “A desejada das gentes” de Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202170.210-224Palavras-chave:
Conto. Ironia. Machado de Assis. Negação. SinceridadeResumo
Este artigo se propõe a analisar o conto “A desejada das gentes” de Machado de Assis, focando na maneira com o que o personagem do Conselheiro utiliza a ironia como processo de contornar e negar sentimentos que o causam desconforto, viabilizando o surgimento de múltiplas leituras distintas a partir das várias camadas de sentido criadas pela ironia. O referencial partirá de teorias acerca da ironia, através dos autores D. C. Muecke (2008) e Linda Hutcheon (1994), teorias sobre o contexto geral sobre a obra de Machado de Assis, com Antonio Candido (1977) e Roberto Schwarz (2000), e um estudo prévio de Mirelle Márcia Longo (2012) sobre o conto “A desejada das gentes” (2016). A partir dessa análise, nos deparamos com o uso da ironia como maneira de omitir certos pensamentos e sentimentos do personagem, mas sempre indicando a possibilidade de que há algo velado sob os sentidos mais literais do que está sendo expresso, e que acaba por aproximar as elaborações do personagem sobre si das interpretações do leitor sobre o texto.