Borges e o ocultamento: apófase e paratextos oblíquos
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.201556.116-132Palavras-chave:
Borges, El Aleph, paratexto, apófaseResumo
Este artigo observa como Jorge Luis Borges (1899-1986) desvia a atenção de seus leitores acerca da relação que trava com a Commedia para criar o conto “El Aleph”, da coletânea homônima de 1949. A estratégia apofática, a de colocar em destaque o precursor ao não se referir a ele, segue duas vias: a ausência de referência direta ao nome de Dante Alighieri e à sua obra; os paratextos oblíquos, que nos apontam fontes – “The Cristal Egg”, Hamlet e O Leviatã – que funcionam como parâmetros comparativos ao Aleph enquanto objeto, a pequena esfera no porão da personagem Carlos Argentino Daneri. Atribuímos caráter crítico a paratextos de Borges, especialmente aos prefácios de História universal de la infamia (1935) e de Nueve ensayos dantescos (1949-1982). Entre os estudiosos acionados estão Genette, Hillis Miller e Thiem.