Pessoa em devir: a escrita no grande tempo, o sujeito num múltiplo e único espaço
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.201657.83-106Palavras-chave:
Heterônimos, Tempo e espaço, Exotopia, CronotopoResumo
O fenômeno da heteronímia, um autor sendo vários autores, encontrou como origem e fonte mais profícua a escrita polifônica do poeta lusitano Fernando Pessoa. Em sua obra testifica-se uma complexa e dinâmica relação espaço/tempo da criação literária, havendo uma confluência de múltiplas temporalidades, facetas e personalidades num dialógico espaço artístico-biográfico. Nesta reflexão identificamos em conceitos da teoria bakhtiniana, o cronotopo (convivência de temporalidades no(s) tempo(s)/espaço) e a exotopia (articulação de espaços no processo de criação verbal), o insumo suficientemente aberto para dirimir a realidade heteronímica do autor. As análises exotópicas e cronotópicas de excertos poéticos de Pessoa (ortônimo) e de seus heterônimos (Reis, Caeiro e Campos) apontam uma subjetividade povoada e dialógica. A poética pessoana sugere presenças extralocalizadas e temporalidades em convivência no tempo presente do autor. Assomam personas diversificadas artística e biograficamente, bem como múltiplas temporalidades (passado, presente e um projeto de futuro do sujeito e da nação).