Água Viva: a busca libertária do tempo presente
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200331.129-144Palavras-chave:
Clarice Lispector, Água Viva, Imaginação da terra, Tempo e filosofiaResumo
O ensaio busca pontuar como a escritora Clarice Lispector trata
a questão do tempo em Água Viva e, entrelaçada a ela, está o problema da
criação do texto. Através da teoria dos temperamentos oníricos, defendida
pela fenomenologia da imaginação do filósofo francês Gaston Bachelard,
que hoje pode ser vista como uma teoria afim com a ecocrítica literária,
procuro mostrar algumas respostas à busca clariceana. Essa teorização
descobre nos elementos básicos da natureza uma resposta ao devaneio de
cada escritor/a (Brandão: 1991; 1999). O devaneio de Clarice está
vinculado mais diretamente, no caso de Água Viva, à terra, elemento base
da criação, mas não exclui sua incursão pelo ar, o que aproxima a
escritora brasileira de poetas como o inglês Shelley e o alemão Nietzsche,
adeptos desse elemento. A fuga da narrativa tradicional leva Clarice ao
rompimento com uma estrutura conservadora que não lhe serve mais.