Forma literária e conteúdo social: uma representação em "Não verás país nenhum"
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200331.197-228Palavras-chave:
Representação literária, sociedade, forma literáriaResumo
Trabalhar o romance aqui em discussão não é tarefa fácil, principalmente quando a leitura é feita nos dias de hoje e percebemos que grande parte desta representação alude a um período da história do Brasil que provoca muitos estudos: o golpe militar de 64. À medida que lemos a obra, parece que encontramos uma parte dessa nossa realidade histórica representada em uma forma romanesca de há 24 anos.
Uma forma tão antiga de se abordar no tecido metafórico do texto literário aspectos relacionados à sociologia, à realidade que nos circunda, nos faz construir este ensaio, cuja discussão é relacionada como a forma literária, muitas vezes presa a modelos estéticos, a noções de gênero, representa a noção de sociedade e seus vários complexos e paradoxos configurados na imagem do personagem Souza, nosso sujeito problemático, herói degradado, sujeito pós-modemo.
Baseados em Candido (1965), formulamos hipóteses acerca da representatividade de aspectos históricos na forma literária. A literatura, segundo este crítico, sempre foi uma espécie de 'lugar' onde realidades podem adquirir outras conotações, servindo como equilíbrio intelectual à medida que não discutimos temas de sociologia somente em tratados de sociologia ou similares, mas através da ficcionalização do discurso.