Desigualdades de classe, gênero e raça no discurso da trabalhadora doméstica diarista e da patroa de classe média: efeitos da crise do capital e a precarização do trabalho doméstico remunerado
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202169.27-42Palavras-chave:
Trabalho doméstico remunerado. Diarista. Patroa. Classe Média. DiscursoResumo
O trabalho doméstico, no Brasil, teve seu marco histórico no período colonial onde a atividade doméstica configurava-se como uma das atribuições do trabalho escravo realizado pelas mulheres, em sua maioria negras. Na sociedade capitalista o trabalho doméstico remunerado atual ainda se estrutura em heranças coloniais do patriarcado e do racismo. Apesar do trabalho doméstico remunerado no Brasil ter sido regulamentado, a partir da lei n.150/2015, com a crise econômica a informalidade deste trabalho continua a ter predominância, modificando assim às relações de trabalho doméstico remunerado das mensalistas, afetando majoritariamente às mulheres negras. Este trabalho tem por objetivo desvelar os efeitos de sentido sobre a informalidade do trabalho doméstico remunerado, na atual crise do capital, a partir da relação de trabalho entre a trabalhadora doméstica diarista e a patroa de classe média. Nossa materialidade discursiva é um recorte de uma entrevista do ano de 2015, mediada por um jornalista, que destaca acerca da informalidade do trabalho doméstico remunerado e o mercado de trabalho após a sanção da lei n.150/2015 em famílias de classe média. Para análise do nosso objeto de estudo utilizamos como aporte teórico-analítico a teoria materialista da Análise de Discurso Pêcheuxtiana, assim como, nos respaldamos em outros autores para discussão das variantes de classe, gênero e raça. Em nossas análises foi possível confirmar que os efeitos da crise econômica permitem a precarização do trabalho doméstico remunerado que se estruturam interseccionalmente por meio das desigualdades de classe, gênero e raça podendo ter outras variantes que não foram contempladas nesta análise.