Do acontecimento à metalinguagem: uma análise enunciativa do poema “neologismo” de Manuel Bandeira
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202169.469-479Palavras-chave:
Enunciação. Semântica do Acontecimento. Funções da Linguagem. Metaliguagem.Resumo
O objetivo deste artigo é realizar a análise do poema “Neologismo”, de Manuel Bandeira, à luz de duas perspectivas: a de acontecimento e de metalinguagem. Para isso, toma-se, por um lado, a posição estabelecida por Guimarães (2017; 2018), que considera o texto como uma unidade que integra enunciados, transversalmente, e o enunciado como um acontecimento. Por outro lado, recorre-se à noção de funções da linguagem, de Jakobson (1985), mais especificamente no tocante à função metalinguística, que trata do processo de metalinguagem. O procedimento de análise se baseia numa metodologia própria da Semântica do Acontecimento (SA), o Domínio Semântico de determinação (DSD), que é por onde se dão os sentidos dos nomes em um dado enunciado, em uma dada unidade de análise. Pela análise dos enunciados do poema, é possível produzir uma compreensão do texto pela projeção de uma análise do acontecimento concomitante à da metalinguagem. Na verdade, pode-se perceber um interessante movimento de significação próprio: a metalinguagem se dá como um acontecimento no poema, a partir da inauguração de um novo nome, “Neologismo”. Logo, a função metalinguística da linguagem é fundamental para a análise do processo enunciativo próprio do poema de Bandeira.