Atos ameaçadores da face e o estigma social caracterizado por culpas de caráter em casos de violência contra mulheres

Autores

  • Vanessa Hagemeyer Burgo Universidade Federal do Mato Grosso do Sul / Três Lagoas
  • Fernanda Camargo Aquino Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul
  • Sheyla Cristina Araujo Matoso Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Palavras-chave:

Violência contra mulheres, Face, Estigma, Culpas de caráter

Resumo

Este trabalho advém do Grupo de Pesquisa “Estudos da Língua Falada”, cadastrado no CNPq, e visa a analisar os relatos orais de mulheres que sofreram violência doméstica, discutindo as relações entre os atos ameaçadores da face e o estigma social caracterizado por culpas de caráter. O arcabouço teórico está fundamentado, principalmente, em Goffman (1974 [1967]), (2004 [1963]), Brown e Levinson (1987 [1978]) e Kerbrat-Orecchioni (2006), entre outros autores. O corpus é formado por depoimentos extraídos do documentário “Todas podem ser vítimas”, disponibilizado na plataforma YouTube, e do “Jornal de Rondônia - 1ª edição”, veiculado pelo portal de notícias G1. De acordo com os resultados, evidenciamos a frequência de atos que ameaçam a face positiva das mulheres, já que, ao serem criticadas e desaprovadas por seus parceiros por meio de acusações e insultos, suas autoimagens públicas são prejudicadas. Vale ressaltar que, além da violência física, verbal e psicológica, essas vítimas temem, ainda, a rejeição social, pois sentem que passaram a ser diferentes aos olhos dos outros em função do estigma que as torna indivíduos socialmente desvalorizados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanessa Hagemeyer Burgo, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul / Três Lagoas

Pós-doutorado em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários pela Universidade Federal de Santa Cata­rina (UFSC), doutorado e mestrado em Estudos da Lingua­gem pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). É líder do Grupo de Pesquisa “Estudos da Língua Falada” e coordenadora do projeto de pesquisa “Texto falado e interação verbal sob a perspectiva da Análise da Conversação nas línguas portuguesa e inglesa”.

Fernanda Camargo Aquino, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul

Doutorado e mestrado em Letras: Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul , graduação em Letras Português/Inglês pela Universidade de Araras - Unar e graduação em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Unesp/FAAC. Assistente em Administração no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, campus Três Lagoas - MS.

Sheyla Cristina Araujo Matoso, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Doutorado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- PPGLetras-CPTL , Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. É professora adjunta na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Segunda líder do Grupo de Pesquisa "Estudos da Língua Falada" (UFMS/CNPq).

Referências

BARROS, D. L. P. A comunicação humana. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à Linguística I: objetos teóricos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003, p. 25-66.

BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, ano 143, n. 151, p. 1-4, 8 ago, 2006.

BROWN, P.; LEVINSON, S. C. Politeness: some universals in language usage. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1987 [1978].

BURGO, V. H.; SILVA NETO, J. V. da. O discurso político na mídia: a preservação da face positiva do Presidente Barack Obama. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 3, p. 883–902, 2016. DOI: 10.14393/DL23-v10n3a2016-7. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/33050. Acesso em: 25 set. 2023.

CHAUÍ, M. Ética, política e violência. In: CAMACHO, T. (org.). Ensaios sobre violência. Vitória: Edufes, 2003, p. 39-59.

CHAUÍ, M. Contra a violência. 2011. Disponível em: http://esmec.tjce.jus.br/wpcontent/uploads/2011/06/contra-a-violencia-marilena-chaui.doc. Acesso em: 18 fev. 2023.

CUNHA, G. X.; OLIVEIRA, A. L. A. M. Teorias de im/polidez linguística: revisitando o estado da arte para uma contribuição teórica sobre o tema. Estudos da Língua(gem), Vitória da Conquista v. 18, n. 2, p. 135-162, maio/ago, 2020.

ENEDINO, W. C.; SILVA, A. R.; BURGO, V. H. A presença da ausência: a subalternidade na dramaturgia (bem) dita de Plínio Marcos. Campinas: Pontes, 2021.

FIORIN. J. L. Introdução à linguística II: princípios de análise. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

GALEMBECK, P. de T. Preservação da face e manifestação de opiniões: um caso de jogo duplo. In: PRETI, D. (org.). O discurso oral culto. 3. ed. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2005, p. 173-94 (Projetos Paralelos 2).

GALEMBECK, P. de T. Recursos de expressividade em aulas. In: BURGO, V. H; FERREIRA, E. F.; STORTO, L. J. (orgs.). Análise de textos falados e escritos: aplicando teorias. Curitiba: CRV, 2011, p. 11-20.

GALEMBECK, P. de T. Procedimentos de monitoramento do falante na interação simétrica. In: SILVA, J. P. da; STORTO, L. J.; PANICHI, E. R. P. (orgs.). Ensaios dispersos de Paulo de Tarso Galembeck: suplemento do n. XX dos Cadernos do CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2016.

GOFFMAN, E. Les rites d’interaction. Paris: Les Éditions de Minuit (Les Sens Commun), 1974 [1967].

GOFFMAN, E. Estigma – notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Tradução: Mathias Lambert. LTC, versão digital, 2004 [1967].

JUNG LAU, C. R.; OSTERMANN, A. C. As interações no telemarketing ativo de cartões de crédito: da oferta velada à rejeição. ALFA: Revista de Linguística, São Paulo, v. 49, n. 2, p. 65-88, 2005.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Análise da Conversação: princípios e métodos. Tradução: Carlos P. Filho. São Paulo: Parábola, 2006.

KRUG, E. G. et al. Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: OMS, 2022. Disponível em: https://www.opas.org.br/wp-content/uploads/2015/09/relatorio-mundialviolencia-saude.pdf. Acesso em: 20 jun. 2023.

LINS, M. da P. P.; MARCHEZI, N. M. Estratégias de proteção da face: uma análise de entrevistas do Programa CQC. Cadernos do CNLF, v. 16, n. 4, t. 1, p. 553-561, fev. 2012.

MOREIRA, V.; BORIS, G. D. J.; VENÂNCIO, N. O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com seus parceiros íntimos. Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 2, p. 398-406, 2011.

PAULINELLI, M. de P. T.; SANTOS, G. B. dos. Interação verbal, marcadores conversacionais e polidez linguística. Trem de Letras, v. 8, n. 1, p. e021003, 29 jan. 2021.

PAVIANI, J. Conceitos e formas de violência. In: MODENA, M. R. Conceitos e formas de violência (org.). Caxias do Sul: Educs, 2016, p. 8-20.

PRETI, D. Normas para transcrição dos exemplos. In: PRETI, D. (org.). Interação na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, 2002, p. 15-6 (Projetos Paralelos 5).

SILVA, L. M. da. O estranhamento causado pela deficiência: preconceito e experiência. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 33, p. 424-434, set./dez. 2006.

Downloads

Publicado

2024-12-14

Como Citar

BURGO, Vanessa Hagemeyer; AQUINO, Fernanda Camargo; MATOSO, Sheyla Cristina Araujo. Atos ameaçadores da face e o estigma social caracterizado por culpas de caráter em casos de violência contra mulheres. Revista Leitura, [S. l.], n. 83, p. 339–353, 2024. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/18065. Acesso em: 19 dez. 2024.

Edição

Seção

Grupos de pesquisa em línguas no Brasil: reflexões teórico-metodológicas em cont

Artigos Semelhantes

<< < 8 9 10 11 12 13 14 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.