Apresentação - Leitura Interartes

Resumo

A rápida e aflitiva imagem do loop da montanha-russa, metáfora proposta por Nicolau Sevcenko para pensar a contemporaneidade e esmiuçada por ele no trecho em epígrafe, ajuda-nos a entender a complexidade dos nossos tempos. Trata-se do momento das descidas mais bruscas da montanha-russa, em que ficamos paralisados pela rapidez das mudanças e quase não conseguimos mais reagir a elas. A arte, a crítica literária, a história, a filosofia e muitos outros campos, porém, tentam resgatar um outro ritmo, o da reflexão, o da observação mais lenta do que vivemos, pois, como escreve Sevcenko: “[…] uma coisa que a técnica não pode fazer é abolir a crítica, pela simples razão de que precisa dela para descortinar novos horizontes. Os sistemas políticos que tentaram banir a crítica morreram, sintomaticamente, por obsolescência tecnológica” (2001, p. 17). Esta revista organiza-se a partir da compreensão de que o texto literário insurge-se contra um conjunto limitado de normas e procedimentos, circula em diversos suportes e estabelece vínculos com outras artes e campos, solicitando do/a leitor/a, seja ele/a profissional ou não, múltiplos protocolos de leitura, para transitar nesse campo vasto e dinâmico, em que a técnica está sempre solicitando a crítica.